O projecto do Sistema de Mobilidade do Mondego (SMM) deverá avançar no âmbito da reprogramação dos fundos comunitários do Portugal 2020, disse hoje o presidente da Associação Nacional de Municípios Portugueses (ANMP).
Questionado pela agência Lusa, em Coimbra, a propósito de uma reunião que teve com o ministro do Planeamento e das Infraestruturas, Pedro Marques, na quarta-feira, em Lisboa, Manuel Machado, também presidente da Câmara de Coimbra, revelou que o SMM deverá ser retomado ao abrigo da reprogramação financeira da Comissão Europeia, que vai ser entregue em Bruxelas para apreciação.
“Tudo indica que vai incluído no Portugal 2020 reprogramado, na sequência dos estudos desenvolvidos pela Infraestrutura de Portugal”, com apoio técnico do Laboratório Nacional de Engenharia Civil (LNEC), adiantou o autarca, que, em 1996, em anteriores mandatos na autarquia, esteve na criação da Metro Mondego, uma sociedade de capitais públicos cujo objecto estatutário é a instalação de um sistema de metro, em Coimbra e no Ramal da Lousã, ligando Serpins à capital do distrito.
Manuel Machado mostrou-se convicto de que o SMM “vai ser dotado financeiramente”, mas não adiantou montantes nem prazos para concretizar o investimento.
“Vamos até onde dá”, afirmou, alegando que uma solução definitiva para o projeto, cujo processo político remonta ao derradeiro Governo de Cavaco Silva e se arrasta há pelo menos 25 anos, desde 1993, ficará nas mãos da Comissão Europeia, a quem cabe avaliar “componentes técnicas subsequentes”.
Manuel Machado falava à margem de um seminário sobre a revisão do Código dos Contratos Públicos, uma iniciativa da ANMP que decorre hoje no Convento São Francisco, na margem esquerda do rio Mondego, em Coimbra.
O projecto de mobilidade para o Ramal da Lousã e para a cidade de Coimbra com que o Governo de António Costa se comprometeu junto das autarquias deverá custar 89,3 milhões de euros, disse uma fonte governamental à Lusa, em Junho de 2017.
A fonte confirmou na altura que a “versão definitiva” do estudo do LNEC, avalizada pelo Governo e que suscitou o acordo dos presidentes das três câmaras envolvidas no processo (Coimbra, Lousã e Miranda do Corvo), todos reeleitos em Outubro pelo PS, escolheu um modelo de autocarro “exclusivamente eléctrico”, após o LNEC ter ponderado também a propulsão a gás natural comprimido e híbrida, que foram recusadas.
Por “razões ambientais”, o gasóleo foi uma hipótese rejeitada logo no início do estudo.
Após “diferentes versões” do documento, o Governo comprometeu-se com o trabalho final do LNEC, encomendado através da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Centro (CCDRC).
Ao longo de “mais de um ano”, os presidentes dos três municípios servidos pela linha ferroviária da Lousã durante mais de 100 anos, entre 1906 e 2010, participaram em “dezenas de reuniões”, algumas com a presença do ministro da tutela, tanto em Lisboa, como em Coimbra, na sede da CCDRC.
No dia 02 de Junho de 2017, o Governo apresentou o estudo de mobilidade rodoviária entre Lousã e Coimbra, que deverá substituir o metro projectado há 22 anos pelo Estado e municípios envolvidos, que integram a Metro Mondego, criada com um objectivo que não chegou a passar do papel.
O Ramal da Lousã foi encerrado há mais de oito anos, para obras que visavam a instalação de um sistema de metro, após uma cerimónia simbólica, realizada em Serpins, concelho da Lousã, em dezembro de 2009, que contou com intervenções de apoio ao projeto dos então presidentes das câmaras da Lousã e Miranda do Corvo, Fernando Carvalho (PS) e Fátima Ramos (PSD).
Iniciadas pelo último Governo de José Sócrates, as empreitadas foram depois suspensas por razões financeiras, passando os utentes do serviço público ferroviário a ser transportados de autocarro.
O investimento de 89,3 milhões de euros no denominado “sistema metrobus”, a candidatar a fundos europeus, inclui a infraestrutura e um total de 43 autocarros eléctricos, sendo 30 de 55 lugares sentados, para o troço suburbano da rede, entre Serpins e Coimbra, e 13 articulados de 130 lugares sentados e em pé, para a área urbana da capital do distrito.
LUSA
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