COIMBRA,14 de Junho de 2025

Academia uniu forças em Coimbra contra a pobreza

5 de Junho 2025 Rádio Regional do Centro: Academia uniu forças em Coimbra contra a pobreza

Na Casa da Lusofonia da Universidade de Coimbra, um espaço de diálogo intercultural e reflexão cívica, teve lugar, ontem, a assinatura de um protocolo de cooperação entre a Universidade de Coimbra (UC) e a Rede Europeia Anti-Pobreza/Portugal (EAPN/PT). A cerimónia reforçou o compromisso da academia na construção de uma sociedade mais justa e coesa, colocando o conhecimento e a investigação ao serviço da erradicação da pobreza.

A abertura ficou a cargo de Fernando Guerra, coordenador do Fórum Cidadania: pela Erradicação da Pobreza em Coimbra, e de monsenhor Agostinho Moreira, da Direcção da EAPN/Portugal, que enalteceram o papel transformador das universidades enquanto motores de mudança social e defensores da dignidade humana.

Seguiu-se um debate profundo e participativo sobre as “Prioridades da Academia no Combate à Pobreza”, que juntou vozes relevantes do ensino superior: Amílcar Falcão, em representação do Conselho de Reitores das Universidades Portuguesas; José dos Santos Costa, do Conselho Coordenador dos Institutos Superiores Politécnicos; Carlos Magalhães, Presidente da Associação Académica de Coimbra; José Manuel Tedim, da Rede Portuguesa de Provedores do Estudante do Ensino Superior; e Manuel Sarmento, docente da Universidade do Minho. A moderação esteve a cargo de Jorge Castilho e o debate contou com uma viva participação de docentes de instituições de ensino superior de todo o país.

A cerimónia culminou com a assinatura do protocolo de cooperação, simbolizando o início de uma colaboração que pretende aproximar ainda mais o saber académico dos desafios sociais concretos. João Nuno Calvão da Silva, Vice-Reitor da Universidade de Coimbra, encerrou a sessão sublinhando a importância de uma academia empenhada nas causas sociais e activamente comprometida com a erradicação da pobreza.

Este momento em Coimbra decorreu na mesma semana em que foi apresentado, em Lisboa, o relatório “Portugal Balanço Social 2024”, que traça um retrato preocupante da realidade social portuguesa: mais de dois milhões de pessoas vivem ainda em risco de pobreza ou exclusão social, o que corresponde a 20,1% da população. Apesar da “trajectória positiva” do país, com melhorias em vários indicadores europeus, persistem desigualdades estruturais que afectam particularmente imigrantes, idosos, pessoas com menor escolaridade, habitantes de zonas rurais, famílias monoparentais e numerosas.

O relatório destaca também que, em 2023, cerca de 1,8 milhões de pessoas viviam com rendimentos inferiores ao limiar de pobreza (7.588 euros anuais, ou 632 euros mensais). De forma ainda mais preocupante, 10,4% da população encontrava-se em situação de pobreza extrema, com rendimentos inferiores a metade do rendimento mediano nacional.

As disparidades regionais são também evidentes: os Açores, a Madeira e a Península de Setúbal apresentam taxas de pobreza acima da média nacional, enquanto os dados revelam uma crescente desigualdade de rendimentos, com 25% dos mais ricos a deterem quase metade do rendimento nacional.

Perante este cenário, a iniciativa da Universidade de Coimbra surge como um farol de esperança, mostrando que a academia pode – e deve – estar na linha da frente das respostas sociais. Mais do que números, o combate à pobreza exige vontade política, sensibilidade social e, acima de tudo, acção concreta e coordenada entre instituições públicas, privadas e da sociedade civil.

Fonte: Campeão das Províncias

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