COIMBRA,14 de Dezembro de 2024

UC sublinha a importância do reforço dos cuidados paliativos pediátricos em Portugal

28 de Janeiro 2023 Rádio Regional do Centro: UC sublinha a importância do reforço dos cuidados paliativos pediátricos em Portugal

Uma equipa de investigação, coordenada pela Universidade de Coimbra (UC), que analisou o último ano de vida de crianças com doenças crónicas que faleceram no Hospital Pediátrico de Coimbra, sublinha a importância dos cuidados paliativos pediátricos para melhorar os cuidados prestados, sobretudo no que respeita à redução de terapêuticas e procedimentos agressivos neste grupo de crianças. O estudo científico, que decorreu em colaboração com o Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra (CHUC), destaca ainda o impacto positivo dos cuidados paliativos pediátricos na redução do consumo de recursos hospitalares.

“Esta investigação corrobora a urgência de se dotarem os serviços de pediatria nacionais de equipas com formação adequada na área de cuidados paliativos pediátricos, por forma a garantir resposta adequada a crianças com doenças avançadas e, na sua maioria, progressivas, cuja evolução para o fim de vida pode ser possível antecipar e planear, garantindo os melhores cuidados”, sublinha a equipa de investigação.

Actualmente, “a literatura internacional é, ainda, escassa no que respeita ao consumo de recursos hospitalares com crianças com doença crónica complexa no seu último ano de vida”, contextualizam as investigadoras. Adicionalmente, em Portugal “são apenas cinco as equipas especializadas em cuidados paliativos pediátricos, e, apesar de existirem várias em fase de desenvolvimento, há ainda um grande défice em termos de recursos, formação e cobertura geográfica”, destaca a equipa.

A investigação analisou dados de 2016 a 2020, referentes ao último ano de vida de 72 crianças, entre 1 e 18 anos de idade, com doenças crónicas complexas (nomeadamente doenças oncológicas, neurológicas ou cardiovasculares). Foi realizado um estudo comparativo com dois grupos: um grupo que foi acompanhado por uma equipa especializada de cuidados paliativos pediátricos e um grupo que não foi acompanhado. Foram analisados três principais domínios: o impacto do acompanhamento por cuidados paliativos pediátricos na utilização de recursos hospitalares, na terapêutica instituída e nos cuidados prestados na última semana de vida.

Na análise de dados referentes ao grupo que foi acompanhado por uma equipa especializada em cuidados paliativos pediátricos foi possível atestar “a menor utilização de procedimentos e terapêuticas invasivas e de falecimentos em unidade de cuidados intensivos, com optimização da gestão de recursos hospitalares”, explica a equipa de investigação. Contudo, verificou-se que a maioria das crianças ainda não é referenciada para cuidados paliativos pediátricos nesta fase. “É, por isso, importante a sensibilização dos profissionais de saúde no sentido de envolverem estas equipas logo que identifiquem uma situação de doença crónica complexa causadora de sofrimento”, elucidam as investigadoras.

A equipa de investigação destaca ainda a importância de “prosseguir a investigação sobre cuidados paliativos pediátricos no que respeita ao impacto na qualidade de vida de crianças e família, na sobrecarga associada ao tratamento e aos custos associados aos consumos hospitalares”. “Além disso, será fundamental analisar o impacto do apoio domiciliário em cuidados paliativos pediátricos na vida das crianças e da sua família, pais, irmãos, avós e outros, bem como a possibilidade de redução de internamentos hospitalares, com redes de suporte domiciliário bem estruturadas”, rematam as investigadoras.

O estudo envolveu investigadoras e docentes da Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra (FMUC) e também médicas do Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra: Andreia Nogueira (pediatra da equipa de cuidados paliativos pediátricos do CHUC), Bárbara Gomes (investigadora da FMUC), Cândida Cancelinha (coordenadora do estudo, docente da FMUC e médica coordenadora da equipa de cuidados paliativos pediátricos do CHUC), Diana Correia (aluna da FMUC) e Marisa Loureiro (investigadora da FMUC).

Fonte: Campeão das Províncias

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