COIMBRA,14 de Fevereiro de 2025

Projecto europeu liderado pela FCTUC ajuda na detecção de pragas

3 de Junho 2019 Rádio Regional do Centro: Projecto europeu liderado pela FCTUC ajuda na detecção de pragas

O recurso a drones e ao programa europeu de satélites de observação da Terra – ‘Copernicus’ revelou ser um método eficaz para detectar pragas florestais precocemente.

“O uso combinado de informação obtida através de imagens fornecidas pelo programa Copernicus e por drones é eficaz na detecção precoce de pragas florestais, especialmente do nemátode da madeira do pinheiro”, indica a Universidade de Coimbra, depois de ter sido conhecidos os primeiros resultados do projecto europeu FOCUS (Forest Operational monitoring using Copernicus and UAV hyperSpectral data), liderado por investigadores da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra (FCTUC).

O projecto, que obteve um financiamento de 1,9 milhões de euros da União Europeia, através do programa Horizonte 2020, envolve equipas dos departamentos de Ciências da Terra, Ciências da Vida e Engenharia Civil da FCTUC e “centra-se no desenvolvimento de métodos inovadores para a detecção e monitorização remota, através de satélites e veículos aéreos não tripulados, de pragas e doenças florestais”, sublinha a UC.

“Num território florestal de grandes dimensões é extremamente difícil e dispendioso detectar a presença de árvores doentes através dos métodos tradicionais. Com os nossos sistemas, o objectivo é precisamente detectar as árvores infectadas que estão nesses contextos mais complexos, de forma detalhada, para permitir que os utilizadores da floresta possam ir aos locais correctos efectuar as acções de remoção (abate de árvores), evitando que o problema se alastre”, explica Vasco Mantas, investigador do Departamento de Ciências da Terra da FCTUC e coordenador do estudo.

O FOCUS, iniciado há já um ano, tem como propósito final “contribuir para um serviço operacional e acessível, desenvolvido num projecto anterior (Silvisense), que monitorize todo o território florestal e faça chegar informação aos utilizadores finais, que também participam neste projecto, entre os quais associações de produtores florestais, centros de investigação ligados à floresta, como é o caso do ‘SerQ’, e indústrias do sector”, refere.

O projecto conta, ainda, com parceiros da Noruega (S&T) e Bélgica (VITO) e, embora, pretenda abranger várias perturbações da floresta, de momento o caso de estudo é a detecção de árvores afectadas pelo nemátode da madeira do pinheiro (doença da murchidão do pinheiro), um problema complexo com elevado impacto económico nas regiões afectadas.

Além do mais, explica o coordenador do projecto, “ao detectar o nemátode, como os primeiros resultados demonstram, vai ser possível detectar outras doenças com sintomas semelhantes”.

Para os investigadores a trabalhar nesta área, a grande mais-valia destas tecnologias inovadoras com recurso a drones e satélites é, desde logo, as grandes manchas de floresta que se conseguem monitorizar.

“De uma forma muito mais rápida, e com custos muito menores em comparação aos métodos convencionais, conseguimos ter uma cartografia das árvores afectadas que de outra forma teria de ser feita no terreno, com elevado dispêndio de horas, de recursos humanos e materiais, etc.”, exemplifica Vasco Mantas.

Por outro lado, a partir do momento em que essa informação espacial detalhada fica disponível, também é possível uma análise da distribuição, ou seja, avaliar quais são os processos que governam a distribuição do nemátode e do insecto vector.

A opção de combinar dados de satélite e de drones neste projecto, a que se junta uma forte componente de trabalho de campo, é vantajosa porque “enquanto os dados provenientes dos satélites nos dão uma visão mais global, a informação obtida através dos drones é interessante para a cartografia muito detalhada das zonas afectadas”, conclui o coordenador do FOCUS.

Um outro objectivo do projecto é, nomeadamente através dos estudos de campo, identificar árvores que aparentem ser tolerantes a pragas, para que sejam estudadas e eventualmente possam servir de base ao repovoamento de zonas afectadas.

Jornal Campeão das Províncias

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