No Dia Mundial do Doente, que se assinala hoje, o presidente da Secção Regional do Centro da Ordem dos Médicos (SRCOM), Carlos Cortes, alertou para o facto de poder estar iminente o surgimento de uma nova vaga, mas desta vez de doentes não covid.
“Há uma hiperfocalização nos doentes covid e isso é importantíssimo, bem como a prevenção dos surtos, mas temos de ter capacidade de tratar e planear o embate dos próximos meses”, notou Carlos Cortes, sublinhando que “vai haver uma nova vaga de doentes que têm as suas patologias agravadas e que não foram atempadamente tratados”, sendo por isso necessário “acautelar a capacidade do Serviço Nacional de Saúde (SNS) para o pós-pandemia”.
O presidente da Ordem dos Médicos do Centro falava após a visita ao Instituto Português de Oncologia de Coimbra (IPOC), onde decidiu assinalar o Dia Mundial do Doente e chamar a atenção sobre esta instituição “covid-free” e “pouco falada durante a pandemia”.
“Hoje é dia de todos os doentes e o IPO de Coimbra tem dado um contributo muito importante aos doentes não covid (mas também covid), permitindo aliviar os restantes hospitais da região em relação às patologias oncológicas, dando-lhes espaço para se dedicarem mais à pandemia”, realçou o responsável.
No caso do IPO de Coimbra referiu, ainda, como um “facto assinalável” o aumento das consultas em 2020, em 2,6 por cento; a manutenção da actividade cirúrgica e o aumento de tratamento dos doentes oncológicos de toda a região, no Hospital de Dia.
Apontando o dedo ao Governo, Carlos Cortes deixou um apelo à ministra da Saúde, Marta Temido, para que “não se esqueça dos doentes não covid”, alertando para o facto de poder haver “um surto de doentes não covid no pós-pandemia porque não foram tratados”.
Referindo-se à “task force” criada, há cinco meses, para doentes com outras patologias que não covid, o também médico lamentou que “ainda não exista nenhuma informação sobre o que este grupo anda a fazer”.
“Precisa de ser preparado um plano pós-pandemia, consistente e já; não pode haver doentes de primeira e doentes de segunda”, frisou.
“Recentemente, tivemos informação de que há milhares de doentes que não têm sido tratados, tendo havido a nível nacional uma redução da referenciação do doente oncológico de 20 por cento”, disse, salientando que estas situações “vão ter de ser acauteladas”. Segundo o médico, “o marco da gestão desta pandemia tem sido precisamente a falta de planeamento e de prevenção”.
Também na visita esteve o membro da SRCOM Rui Silva, que evidenciou o papel do IPO durante a pandemia “recebendo os doentes oncológicos”, mas também “preparando o futuro com investimentos de grande valor para melhorar as condições e reforçar a segurança no tratamento dos doentes”.
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