Jorge Mendes e Luís Matias (presidente da Câmara de Penela) assinaram o acordo
O empresário de futebol Jorge Mendes vai ser o principal financiador da construção de dois abrigos colectivos em aldeias afectadas pelos incêndios de 2017.
O acordo foi assinado, ontem (10), na aldeia de Ferraria de São João, em Penela, e engloba um investimento de 300 000 euros.
O representante de Cristiano Ronaldo afirmou que “não se pode trazer de volta as 116 pessoas mortas nos incêndios de 2017, mas podemos fazer o que for possível para que tal horror não se repita”.
O abrigo da Ferraria de São João será o primeiro construído no âmbito do projecto “Aldeias Resilientes”, desenvolvido pela Associação de Vítimas do Incêndio de Pedrógão Grande (AVIPG), dirigida por Nádia Piazza.
Trata-se de um projecto de raiz, que servirá de protótipo para outros abrigos que, espera a Associação, venham a ser construídos nas áreas afectadas pelos incêndios.
Jorge Mendes será o “mecenas” principal, mas o projecto conta com o trabalho e o empenho de diversas instituições, nomeadamente o Município de Penela, a Associação de Moradores de Ferraria de São João, a Associação para o Desenvolvimento da Aerodinâmica Industrial (representada por Xavier Viegas, da Universidade de Coimbra), Atelier da Boavista e a Associação A400.
Nádia Piazza reforça, no entanto, que nada sairia do papel sem o impulso decisivo de Jorge Mendes.
“Não fomos à procura dele. Ele veio até nós e perguntou: ‘O que posso fazer?’ Uma atitude nobre e cada vez mais rara”, sublinhou a responsável da AVIPG.
O abrigo da Ferraria ficará no centro da aldeia de 40 pessoas, que após ter estado cercada pelas chamas tomou uma série de iniciativas para proteger bens e pessoas, nomeadamente arrancando 50 000 eucaliptos e raízes num raio de cem metros e plantando mais de 1 000 árvores autóctones, que resistem melhor ao avanço das chamas.
O abrigo, que será “uma maquete em tamanho real”, vai ser construído em betão e terá um conjunto de tecnologias capazes de travar o avanço dos fogos. Com capacidade para 80 pessoas, será erguido até ao final do ano sob a orientação técnica da equipa de Xavier Viegas, especialista em controlo de incêndios.
Em Moninhos, no concelho vizinho de Figueiró dos Vinhos, será erguido um segundo abrigo, resultado da adaptação de um edifício devoluto na povoação.
Na cerimónia, Jorge Mendes deixou dois desejos: “que outros sigam o seu exemplo e que os abrigos nunca venham a ser precisos por falta de incêndios”.
O grande incêndio de Junho de 2017, na zona de Pedrógão Grande (Leiria) causou 66 mortos e mais de 250 feridos, enquanto os grandes fogos de Outubro do mesmo ano fizeram 49 vítimas mortais, em vários concelhos da região Centro.
Além destas 115 mortes, há registo de pelo menos mais cinco nas regiões Norte e Centro nos fogos rurais do ano passado.
Os incêndios florestais de 2017 consumiram cerca de 500 000 hectares de floresta e destruíram mais de duas mil casas, empresas e explorações agrícolas.
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