COIMBRA,17 de Maio de 2025

Coimbra: Investigadores ajudam a salvar aves marinhas em Cabo Verde

1 de Abril 2019 Rádio Regional do Centro: Coimbra: Investigadores ajudam a salvar aves marinhas em Cabo Verde

Vítor Paiva, coordenador da equipa portuguesa envolvida no projecto

Investigadores de Coimbra estão a estudar nove espécies de aves marinhas de Cabo Verde, no âmbito de um projecto internacional, financiado com 2,4 milhões de euros, para evitar a extinção de espécies marinhas no arquipélago.

Uma equipa de especialistas do Centro de Ciências do Mar e do Ambiente (MARE) da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra (FCTUC) “está a estudar nove espécies de aves marinhas de Cabo Verde, no âmbito de um projecto internacional, financiado em 2,4 milhões de euros pela fundação para a conservação da natureza MAVA”, anunciou hoje a Faculdade.

Iniciado em 2017, o projecto, que é liderado pela BirdLife International, tem como objectivo final evitar a extinção de espécies marinhas em Cabo Verde.

A investigação centra-se em duas grandes vertentes: “Produção de conhecimento científico sobre as aves marinhas do arquipélago, nomeadamente a sua distribuição, fenologia e ameaças a que estão sujeitas, e protecção e conservação das espécies através da criação de áreas marinhas protegidas”, explica a FCTUC.

Para observarem todos os movimentos e comportamentos das espécies em estudo, os investigadores colocaram dispositivos de seguimento (GPS Logger) em aves e em barcos de pescadores artesanais, que colaboram no projecto, para compreender as interacções das aves com as comunidades locais.

Os dispositivos permitem “recolher e analisar detalhadamente informação sobre a distribuição e fenologia das várias espécies, como, por exemplo, o tamanho das colónias existentes, a dieta” e os locais de reprodução das aves e também “quais as ameaças que sofrem no mar, concretamente que tipo de interacção têm com a pesca, para, por exemplo, perceber se a captura das aves é acidental ou intencional”, detalha Vítor Paiva.

“Há muito pouco conhecimento sobre as aves marinhas de Cabo Verde e sobre as reais ameaças que enfrentam”, sublinha, citado pela FCTUC, Vítor Paiva, coordenador da equipa portuguesa envolvida no projecto, constituída por oito investigadores.

Os especialistas estão ainda a utilizar tecnologia de GPS que detecta os radares de grandes embarcações para aferir o impacto da pesca industrial nas aves.

Com base nos resultados obtidos neste estudo, que deverá ficar concluído até 2022, os cientistas vão, com o Governo de Cabo Verde, que também é parceiro no projecto, delinear áreas marinhas protegidas.

Entretanto, até ao final deste ano, vão ser elaborados planos de acção para cada uma das nove espécies ao nível do arquipélago, o que poderá implicar regulamentação e fiscalização das pescas.

A adopção de fortes medidas de protecção e conservação das aves marinhas em Cabo Verde é urgente, pois “há espécies que correm sérios riscos de extinção”, alerta Vítor Paiva.

A fragata, “uma espécie marinha que já esteve presente em grandes quantidades no arquipélago, hoje em dia está praticamente extinta”, exemplifica o investigador, referindo que “o último casal foi avistado em 2012 e nunca mais houve reprodução”.

“Esta espécie muito provavelmente foi capturada até à sua extinção”, admite.

Os cientistas vão ainda “dar especial atenção à necessidade de erradicação de espécies invasoras que colocam em risco as aves marinhas, principalmente gatos e ratos”, destaca a FCTUC.

Além disso, “o projecto tem também uma forte componente de sensibilização, a ser aplicada por organizações não-governamentais locais, como a Biosfera”, e financia ainda mestrados e doutoramentos de alunos cabo-verdianos nas universidades de Coimbra e de Barcelona para capacitação de investigadores locais.

Criada, em 1994, por Luc Hoffmann, para apoiar a conservação de lugares emblemáticos como Camargue, no sul de França, e Doñana (Espanha), a Fundação MAVA é “um importante financiador da conservação global”. A sua designação resulta das iniciais dos nomes dos filhos do seu fundador – Maja, André, Vera e Daria (André é o actual presidente da instituição) –, explica a MAVA na sua página na Internet.

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