Duas aldeias do concelho de Coimbra – Arzila e Almalaguês/Torre de Bera – foram classificadas como “Aldeias de Portugal” pela ATA – Associação de Turismo de Aldeia. As candidaturas foram submetidas pela associação de desenvolvimento local CoimbraMaisFuturo num processo que contou com diversas etapas e culminou, no passado sábado, com a realização de uma Comissão de Avaliação, na Marmeleira, uma aldeia já classificada do concelho de Mortágua, onde esteve presente o vereador da Câmara Municipal (CM) de Coimbra, Miguel Fonseca.
As “Aldeias de Portugal” constituem uma rede criada no âmbito de atuação das Associações de Desenvolvimento Local/Grupos de Acção Local (GAL), que tem como objectivo o desenvolvimento local, assente no protagonismo dos actores locais, na concepção de estratégias socioeconómicas e de valorização do património cultural e natural e na sua implementação. Utiliza o turismo de aldeia, traduzido na oferta de experiências de ruralidade, como uma das ferramentas de dinamização dos seus recursos e activos endógenos que caracterizam a sua identidade. O trabalho desenvolvido pela rede “Aldeias de Portugal” tem por base uma forte comunicação intrarrede e a partilha de conhecimentos e de boas práticas.
O processo de classificação de aldeias acontece desde 1996, contando no seu conjunto com 132 aldeias classificadas de norte a sul do país. Arzila e Almalaguês/Torre de Bera são as primeiras do concelho de Coimbra a integrar a lista. “Quero enaltecer o árduo trabalho desenvolvido pela CoimbraMaisFuturo, pelo presidente da União das Freguesias de Taveiro, Ameal e Arzila, pelo
presidente da Junta de Freguesia de Almalaguês, bem como o envolvimento das populações nestas candidaturas que colocaram Coimbra pela primeira vez nesta rede”, afirmou Miguel Fonseca, vereador da CM Coimbra que assistiu ao momento da classificação, no passado sábado, 17 de Junho, na aldeia de Marmeleira, em Mortágua. “Esta distinção demonstra a diversidade da actividade económica e evidencia a componente rural do nosso concelho”, afirma Miguel Fonseca, adiantando que “a classificação vai alavancar estas aldeias, que desta forma poderão atingir outros patamares de desenvolvimento e atractividade, potenciando a criação de alojamentos locais e a difusão dos seus costumes e tradições”.
Almalaguês/ Torre de Bera classificou-se “Aldeia de Portugal” pela arte do saber tecer. Antigamente o tecido era de linho, mas nos dias de hoje o algodão é o mais comum. As colchas são peças destacadas nesse artesanato, assim como os tapetes e toalhas, todos feitos pelas habilidosas tecedeiras. No passado, todas as mulheres da região dominavam a arte da tecelagem e a
praticavam em casa, suprindo assim as necessidades familiares. Mesmo com a industrialização, algumas tecedeiras de Almalaguês resistiram à mudança e ainda mantêm viva essa arte ancestral, digna de ser conhecida e apreciada. Da gastronomia representativa faz parte a sopa à lavrador, a chanfana, os negalhos e o arroz-doce.
A integração de Almalaguês/ Torre de Bera na rede “Aldeias de Portugal” pretende preservar e promover as tradições e memórias relacionadas com o património material e imaterial da aldeia, a dinamização da actividade agrícola e da economia local, refere a CoimbraMaisFuturo.
Na candidatura de Arzila, por sua vez, sobressaiu a fauna existente na área do Paúl, que abriga uma vasta variedade de aves, com mais de cem espécies, tanto residentes como migratórias, sendo a garça branca a mais predominante. Além disso, é o lar de diversos mamíferos, como a lontra e o gato-bravo e uma variedade de peixes, incluindo a boga e a enguia, assim como numerosos anfíbios e répteis. Antigamente o Paúl foi a fonte de rendimento da população de Arzila e das povoações envolventes, através do cultivo dos terrenos, da caça, da pesca e da colheita do bunho e o junco, com os quais produziam as esteiras e cestas. Da gastronomia típica fazem parte a enguia frita, o arroz-doce e as papas laberças.
Segundo a CoimbraMaisFuturo, esta classificação como “Aldeia de Portugal” permitirá trabalhar a revitalização de Arzila, assim como o sentimento de pertença à terra e suas vivências, aproximar as gerações, construir um espaço comum de partilha da sua identidade territorial.
A CoimbraMaisFuturo irá em breve apresentar um conjunto de eventos a decorrer nas recém- classificadas “Aldeias de Portugal” do concelho de Coimbra.
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