COIMBRA,16 de Maio de 2025

Universidade de Coimbra estuda o efeito do aquecimento global na Serra da Estrela

10 de Outubro 2022 Rádio Regional do Centro: Universidade de Coimbra estuda o efeito do aquecimento global na Serra da Estrela

Segundo uma investigação, ao abrigo do projecto Estrela, liderada por uma equipa da Universidade de Coimbra (UC), revelou que o aquecimento global tem impacto nas principais espécies de arbustos existentes na Serra da Estrela e no crescimento das pastagens da região.

O projecto “Estrela – Efeito do aquecimento global na diversidade e funcionamento dos ecossistemas alpinos da Serra da Estrela” é coordenado por Susana Rodríguez Echeverría, Cristina Nabais e Marta Correia, do Centro de Ecologia Funcional do Departamento de Ciências da Vida, da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra (FCTUC), e tem como parceiro o Centro de Interpretação da Serra da Estrela (CISE) da Câmara Municipal de Seia. Conta ainda com o apoio do Geoparque Estrela e do Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF).

O objectivo é estudar o efeito do aquecimento global, um factor primário das alterações climáticas, no funcionamento e diversidade dos ecossistemas do planalto superior da Serra da Estrela, especialmente nas comunidades de arbustos e nos cervunais (pastagens onde predomina o cervum, uma planta da família das gramíneas que nasce de forma espontânea na Serra da Estrela).

As coordenadoras do projecto, iniciado em 2020, explicam que o seu trabalho se tem focado no estudo dos “anéis de crescimento do zimbro (Juniperus communis ssp alpina), e do piorno (Cytisus oromediterraneus), espécies típicas da alta montanha na Península Ibérica e que em Portugal aparecem quase exclusivamente na Serra da Estrela”.

Os resultados obtidos até agora indicam “um maior crescimento destes arbustos (zimbro e piorno) nos últimos anos devido ao aumento de temperatura mínima na Primavera e no Outono, que resulta numa estação de crescimento mais longa”, relata Susana Rodríguez Echeverría, esclarecendo que, ainda assim, “existem diferenças entre as espécies. O zimbro começa a crescer antes devido ao aumento de temperatura na Primavera, enquanto o piorno não responde à temperatura da Primavera, mas atrasa o fim do crescimento pelo aumento de temperatura no Outono. Já o aumento da temperatura mínima no Verão e a diminuição da precipitação no Inverno têm um efeito negativo apenas no crescimento do zimbro”.

Isto significa, acrescenta a investigadora do Centro de Ecologia Funcional da FCTUC, que “é preciso ter em conta o padrão sazonal das alterações climáticas para entender os efeitos na diversidade e funcionamento dos ecossistemas”.

A equipa está também a realizar um estudo experimental de manipulação da temperatura em cinco cervunais, tendo já comprovado que “o aumento de temperatura leva a um maior crescimento das pastagens, mas que depende da disponibilidade de água e das condições do solo. Ainda está em estudo se este rápido crescimento, em resposta a temperaturas mais altas, afecta a qualidade nutritiva destas pastagens”, revela Susana Rodríguez Echeverría.

A investigadora refere ainda que, além da rápida resposta destas espécies vegetais ao aquecimento, a equipa tem observado “a necessidade de realizar a monitorização das condições climáticas a pequena escala em paralelo a estudos ecológicos que permitam uma melhor inferência das respostas dos ecossistemas ao clima”, salientando que “há poucos estudos ecológicos e funcionais na Serra da Estrela, e os dados fornecidos pelo observatório das Penhas Douradas ou pelos modelos climáticos actuais não conseguem recolher a diversidade de topoclimas e microclimas na Estrela”.

O projecto Estrela é co-financiado pelo Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional (FEDER), através do programa Portugal 2020, no âmbito do Programa Operacional Regional do Centro, e pela Fundação para a Ciência e a Tecnologia (FCT) através de fundos nacionais (PIDDAC).

Fonte: Campeão das Províncias

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