A Comunidade Intermunicipal da Região de Leiria (CIMRL), fortemente atingida pelos incêndios de 2017, rejeitou a criação de equipas intermunicipais de sapadores florestais, disse ontem o seu presidente, Raul Castro, justificando com o reduzido número de efectivos proposto.
“O Governo propôs a possibilidade das CIM passarem a ter equipas de sapadores florestais. Quando fizemos a avaliação, estava em cima da mesa comparticipar a contratação no caso da nossa comunidade intermunicipal de 15 sapadores florestais, ou seja, três equipas de cinco, para dez municípios durante oito meses”, afirmou Raul Castro, também presidente da Câmara de Leiria, eleito pelo PS, à margem da reunião do executivo municipal.
Segundo o autarca, para aqueles oito meses haveria comparticipação, mas para os restantes quatro não.
“Íamos ter uma despesa acrescida, que não estava prevista. Portanto acabámos por deliberar, por isso e outras razões, não se justificar, naquela dimensão, [não haver] interesse para a própria CIMRL”, declarou, salientando que esta posição foi tomada por unanimidade.
A situação foi suscitada pelo vereador do PSD Fernando Costa, que considerou uma “boa proposta” a criação de equipas intermunicipais de sapadores florestais, medida defendida pela presidente da Câmara da Marinha Grande, Cidália Ferreira (PS).
“Havia um conjunto de sinergias e vantagens se fossem por diante estas equipas, em vez de cada município ter as suas”, declarou Fernando Costa, apontando ainda a sua possibilidade no âmbito da CIMRL.
No início do mês, em declarações à Lusa, Cidália Ferreira, defendeu a constituição de equipas de sapadores florestais intermunicipais para a prevenção e também para a consciencialização junto das populações.
“Entendemos ser premente a constituição das equipas de sapadores florestais intermunicipais, assim como a cooperação com as associações com interesse nesta matéria, sobretudo para a prevenção e também para a consciencialização junto das populações”, disse a presidente do Município da Marinha Grande.
Raul Castro adiantou que o município vizinho “pode contratar”, assinalando que “Porto de Mós tem sapadores há muitos anos”.
“O que me parece é que um projecto que seria para toda a CIMRL isto é demasiado redutor”, adiantou o presidente da CIMRL, que insistiu na necessidade de punição forte dos incendiários.
Os incêndios rurais de Outubro de 2017, que atingiram oito distritos das regiões Centro (Aveiro, Castelo Branco, Coimbra, Guarda, Leiria e Viseu) e Norte (Braga e Viana do Castelo), provocaram 49 mortos.
Nestes incêndios, ardeu 80 por cento do Pinhal de Leiria, de 11.062 hectares e que ocupa dois terços do concelho da Marinha Grande.
Antes, em Junho, os incêndios que deflagraram na zona de Pedrógão Grande, provocaram 66 mortos: a contabilização oficial assinalou 64 vítimas mortais, mas houve ainda registo de uma mulher que morreu atropelada ao fugir das chamas e uma outra que estava internada desde então, em Coimbra, e que acabou também por morrer. Houve ainda mais de 250 feridos.
Além de Leiria, integram a Comunidade Intermunicipal da Região de Leiria os municípios de Alvaiázere, Ansião, Batalha, Castanheira de Pera, Figueiró dos Vinhos, Marinha Grande, Pedrógão Grande, Pombal e Porto de Mós.
LUSA
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