O MACC – Museu de Arte e do Coleccionismo de Cantanhede é “um marco importante e diferente para o desenvolvimento de Cantanhede, cumprindo funções culturais, patrimoniais, turísticas e educativas”, segundo a presidente da Câmara.
Helena Teodósio, que falava este domingo na inauguração do MAC com a presença do Presidente da República, referiu que a política cultural do Município de Cantanhede obedece a uma estratégia que tem vindo a ser executada através de acções com incidência em cinco eixos fundamentais: oferta de uma programação diversificada em diferentes áreas artísticas, o apoio financeiro aos agentes culturais, a valorização do património edificado, a expansão da rede de equipamentos colectivos na área da cultura e a implementação de programas direccionados para o reforço da identidade cultural local”.
De acordo com a autarca, o Museu de Arte e do Coleccionismo “abre imensas possibilidades para o reforço do posicionamento cultural de Cantanhede a nível nacional”, tendo representado um investimento total de cerca de 2,5 milhões de euros, com uma comparticipação do Plano Estratégico de Desenvolvimento Urbano de cerca de 1,6 milhões de euros.
Helena Teodósio invocou a memória do médico Cândido Ferreira, que doou o espólio constituído por 800 mil peças, reiterando “a mais viva gratidão pela sua generosidade para com o Município de Cantanhede, um gesto que o torna credor do reconhecimento das actuais e futuras gerações da nossa comunidade”.
Na presença da viúva, Liliana Ferreira, filhas e neta do benemérito, a presidente da Câmara de Cantanhede recordou as palavras de Cândido Ferreira quando doou toda a sua coleccção ao Município para se concretizar o MACC: “Fiz questão de as devolver aos seus legítimos proprietários, que são o nosso povo e os povos com quem nos cruzamos ao longo de uma História de que Portugal só pode orgulhar-se”.
O Presidente da República, que inaugurou o MACC, na companhia da secretária de Estado da Cultura, declarou-se “apaixonado” e “seduzido” por este Museu. “É um retrato da vida de uma pessoa e da sua família em viagens pelo mundo”, descreveu Marcelo Rebelo de Sousa, para sublinhar que “dá-se valor ao que era banal” e “as mais pequenas coisas fazem a diferença”.
Áreas do coleccionismo
Reunindo cerca de uma centena de colecções, o MACC está organizado em grandes áreas de coleccionismo: “pintura, mobiliário e artes decorativas portuguesas, arqueologia de todas as civilizações, artesanato do mundo, história do dinheiro, história postal, temas de bibliografia e afins e colecionismo dito popular.
O novo equipamento cultural, único na região e no país, está instalado no centro da cidade de Cantanhede, na sequência da reabilitação e adaptação da Casa do Capitão Mor, antiga Casa Municipal da Cultura, à qual surge agora justaposto um novo módulo construtivo implantado na área antes ocupada pelas antigas instalações da Escola Técnico Profissional.
Estruturado a partir do programa museológico do professor doutor Fernando António Baptista Pereira e da museografia assinada pelo atelier P0-6, o MACC procurara celebrar a arte e o gosto coleccionista mediante estratégias expositivas muito originais.
O novo Museu alterna salas-arquivo e outros dispositivos de arquivo/vitrine dedicadas à História do Dinheiro (numismática e circulação fiduciária), à História Postal (filatelia e postais) e, ainda, às outras colecções (rótulos, relógios, canecas, caixas de fósforos, brinquedos, pins, aparelhos de rádio, entre outros objectos), com salas dedicadas a ambientes de coleccionadores dedicados à pintura, escultura e às artes decorativas dos séculos XIX e XX.
O edifício possui, ainda, uma galeria de exposições temporárias aberta ao intercâmbio de produções internas com produções internacionais, um jardim que será futuramente destinado a feiras de colecionismo, que vão procurar fazer de Cantanhede a capital do coleccionismo em Portugal, e uma cafetaria.
O MACC tem as colecções oferecidas por Cândido Ferreira, médico especialista em nefrologia, nasceu na freguesia de Febres, em Cantanhede, e morreu em Leiria, onde residia, em Março de 2023, aos 74 anos.
Para além do exercício da medicina, destacou-se como ensaísta e romancista e também na actividade político-partidária, tendo sido militante e dirigente do Partido Socialista, do qual se desvinculou em 2011.
Foi candidato à Presidência da República, em 2016, tendo ficado no último lugar entre 10 candidatos, com pouco mais de 10 mil votos, numas eleições ganhas à primeira volta por Marcelo Rebelo de Sousa.
EmAabril de 2019, a Assembleia Municipal de Cantanhede aprovou a atribuição de um voto de louvor e reconhecimento a Cândido Ferreira, na sequência da doação do seu acervo, “tendo em conta o inestimável benefício que o seu gesto de benemerência representa para o concelho, ao nível da oferta de serviços culturais e do reforço da atractividade do território”.
Fonte: Campeão das Províncias
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