COIMBRA,4 de Outubro de 2024

Mário Velindro: o ISEC pode ombrear com as melhores escolas da Europa

2 de Maio 2023 Rádio Regional do Centro: Mário Velindro: o ISEC pode ombrear com as melhores escolas da Europa

Numa altura em que o Instituto Superior de Engenharia de Coimbra (ISEC) cumpre 102 anos de existência (a 3 de Maio), decidiu o “Campeão” entrevistar António Mário Velindro, seu presidente desde 2017, destacando o facto na edição de aniversário. Ao fazê-lo tivemos bem presente a sua recente reeleição, como candidato único, para o cargo, conferindo a esta entrevista um duplo sentido: promover, por um lado, a reflexão sobre o caminho trilhado e, por outro, perceber o que há a esperar da equipa que lidera para os próximos anos.

Campeão das Províncias [CP]: O ISEC é uma instituição centenária. O que sente neste momento?

Mário Velindro [MV]:Sinto orgulho no peso da responsabilidade de uma escola que fala por ela própria. O ISEC, na história das escolas de engenharia de Portugal ocupa um lugar especial: estando na cidade de Coimbra, porta com porta com uma das universidades referência no mundo, tem desenvolvido o ensino com assinalável sucesso, nada ficando a dever às outras escolas de engenharia do país. Repare que a maior parte das vagas dos cursos ficam preenchidas no concurso geral de acesso. No entanto, quando vim para o ISEC apenas 18% escolhiam o ISEC logo na 1ª opção. Neste momento quase 50% dos alunos escolhem a instituição, o que significa que quiseram ir para o ISEC, logo à partida, tal como eu fiz há muitos anos quando escolhi esta casa: é para aqui que eu quero ir, decidi, assim que me foi dada a conhecer a escola.

[CP]: Os dados disponíveis apontam para altíssimos níveis de empregabilidade dos alunos que frequentam os cursos do ISEC. Como explica este sucesso?

[MV]: Apostamos em estágios profissionais com base na formalização de protocolos com empresas, os quais permitem estabelecer uma ligação forte entre o mundo do ensino, de base teórica, e o mundo empresarial, de base prática, levando à adaptação dos cursos ao que de mais moderno se faz. É uma ligação natural e quase impercetível entre ensino, formação e mundo empresarial. Não implica mudar o nome da disciplina, nem a carga lectiva, mas o professor tem a autonomia para alterar os conteúdos programáticos, promovendo adaptações, num processo continuo e natural, que ninguém dá conta, num sentido de responder às necessidades dos alunos.

Por outro lado, procuramos a inovação e actualização à escala mundial. Fomos a primeira escola em Portugal a lançar um curso na área das smart-cities: gestão sustentável das cidades. O ISEC é a escola das cidades inteligentes. Já temos o mestrado das cidades sustentáveis e inteligentes e está em desenvolvimento um centro de investigação (SUSCITA) que envolve outras escolas do politécnico, mas nasceu aqui no ISEC.Telmo

[CP]: O ISEC já pode conferir doutoramentos. Como avalia esta situação?

[MV]: Sobre este assunto nunca me desloquei da visão empresarial. Eu fui formado no ambiente empresarial e industrial, onde nada se faz por acaso, tem de haver um resultado, positivo, não obstante experiências negativas que não se podem repetir muitas vezes sob pena da empresa não resistir. É preciso medir bem os passos. A questão dos doutoramentos, para mim, é bem-vinda, mas para a escola é um déja vu, uma vez que o ISEC já tinha visto, no papel, a possibilidade de conferir licenciaturas e doutoramentos em 1974.

Houve aqui um retrocesso, a escola foi prejudicada com alguma evolução do ensino superior. Se em 1974 já reconheciam nível universitário, onde a escola podia conferir o grau de bacharel, licenciado e doutor. E mais, que o primeiro grau que iam conferir de imediato era o bacharelato, mas com uma preparação com vista à licenciatura e ao doutoramento, necessitando para isso de haver condições laboratoriais, centros de investigação.

Sou a favor dos doutoramentos, mas que doutoramentos vamos dar e para quê? Verificamos que 90% dos doutorados em Portugal encaixaram-se nas várias instituições de ensino superior, o Estado emprega uma percentagem mínima de doutorados e a indústria praticamente não os quer. E a pergunta que se coloca é: porque é que a indústria não os quer? E eu ponho-me do lado do empresário: a maioria das nossas empresas ou são micro ou pequenas empresas, de índole familiar, com controlo muito restrito. Compreendo os empresários: vamos ter aqui um doutorado, mas o que é que vamos fazer com ele, para que é que precisamos dele, o que é que vai trazer de novo na área tecnológica? Por outro lado, estes novos jovens que fazem logo mestrados e doutoramentos integrados não têm competências transversais, não conhecem a indústria, têm um doutoramento muito virado para a teoria, pura e dura.

[CP]: Qual a sua posição perante a fusão entre o Politécnico e a Universidade, defendida, recentemente, pela Associação Empresarial da Região de Coimbra?

[MV]: Esse tema foi motivo de discussão aquando da eleição para o Politécnico de Coimbra, dado que um dos candidatos defendia, claramente, a fusão. A minha opinião, sabendo desde logo que a palavra fusão em termos jurídicos, pode ser interpretada como uma integração, e que o actual regulamento das instituições de ensino superior diz, também, claramente, que as fusões não são permitidas, leva-me a encarar a situação enquanto integração empresarial. Na verdade, há uma alínea que diz que são permitidas integrações de instituições politécnicas nas universidades, havendo o acordo da Comissão Nacional de Ensino Superior e do próprio ministro da tutela. Assim, penso que, a haver alterações no ensino superior, e no caso concreto de Coimbra, teria de ser bem pensado.

[CP]: Então, por exemplo, deixava de haver politécnico em Coimbra, mas continuava a haver em Lisboa e no Porto?

[MV]: Do ponto de vista económico a fusão/integração talvez fosse boa. Vista ao pormenor, por exemplo, nos centros de investigação não se faria tanto investimento. Eu, francamente, quando vi a notícia pensei que era uma vontade do senhor presidente da Câmara Municipal. Mas depois vi que havia a pretensão de discutir a questão na sociedade. Mas eu pergunto: discutir o quê? Isto carece de ser discutido entre quem percebe do assunto. Eu sou a favor de uma colaboração efetiva, mas daí para a frente deve imperar o bom senso: se eu perguntar como é que se faz a fusão, ninguém me sabe responder. Já agora, funde-se o quê? Acabava a Faculdade de Ciências e o ISEC e criava-se a Faculdade de Engenharia de Coimbra e os outros cursos ficavam na Faculdade de Ciências. É isso a fusão? Repare, pode ser inglório, desencadear o processo e depois chega à tutela e é vetado. Falar em fusão quando as relações são meramente institucionais e, como se costuma dizer, cumprem-se os mínimos para os jogos olímpicos?

[CP]: Então a relação entre a Universidade e o Politécnico já conheceu melhores dias…

[MV]: Olhe é triste ver as instituições de costas voltadas umas para as outras. Não quero falar em guerra, estou à vontade sobre o assunto, até porque é algo que não é de agora, mas custa não termos um diálogo franco, a capacidade de colocar ao serviço dos alunos uma estrutura que lhes permita usufruir de uma vida académica de melhor qualidade. Bastava uma cooperação para modificar este estado de coisas. Vou-lhe dar alguns exemplos:

– Desporto: temos um excelente Estádio Universitário, o presidente actual do Politécnico, quando se candidatou a primeira vez, prometeu a construção dum pavilhão, mas ele não existe. No entanto, para quê o pavilhão se nós temos vários aqui em Coimbra e que são da Academia?

– Serviço de Acção Social: temos o SAS da Universidade e o SAS do IPC. Nós temos 11.000 alunos, a Universidade 25.000. Não seria melhor fazermos contas e em vez de ser 11.000 de um lado e 25.000 do outro, fazermos compras em conjunto para quase 40.000 alunos? Não era de equacionar uma aventura conjunta, uma vez que são administrações públicas e o dinheiro tem a mesma origem, reduzindo custos? É um factor de escala, com os administradores a promoverem a mobilidade, podendo os alunos comer ao mesmo preço, mantendo a qualidade dos mesmos produtos, se calhar até baixava o custo por refeição.

– Pessoal: Redução com custos, uma vez que cada instituição necessita de psicólogos, assistentes sociais e outros funcionários.

No fundo cada instituição mantinha a sua individualidade, mas cooperava de forma civilizada, como acontece, por exemplo, no Porto, onde Politécnico e Universidade cooperam nos mesmos centros de investigação, partilham salas de aula, saberes e experiências. Funcionam de forma unida, integrando também a Câmara Municipal.

[CP]: E as relações com outras instituições?

[MV]: São boas e em breve será conhecido um projecto que vamos desenvolver com a Câmara Municipal de Coimbra, na área da sustentabilidade. O ISEC tem, de facto, o orgulho de ter uma relação próxima não só com a Câmara Municipal, mas também com a CIM e seus municípios. Recordo, por exemplo, os protocolos recentes com as Câmaras Municipais de Tábua e Vila Nova de Poiares, para dentro daquilo que nos é possível apoiar esses municípios através de actividades académicas. Estamos a criar condições para abrir uma turma em Vila Nova de Poiares – curso de tecnologia de gestão automóvel.

[CP]: Continua a sentir-se inquieto, como referiu no discurso de tomada de posse?

[MV]: Continuo e agora até um pouco mais inquieto. Este tema dos doutoramentos vai mexer com a nossa estrutura, temos de responder a essa eventualidade. O que eu acho maravilhoso é que as escolas de ensino superior em Portugal possam dar os três níveis de ensino (licenciatura, mestrado e doutoramento), sendo que para o ISEC já é a segunda vez, pois não me esqueço do que se passou há alguns anos, que foi um mau momento para a instituição, e que parece que alguns querem que se esqueça.

Passámos, em certa altura, de uma situação em que se podia, mas depois já não se podia conferir doutoramentos. Agora a lei diz que podemos dar, mas entendo que não podemos ir a correr para fazer como os outros fazem. Será que um bom doutoramento é mais uma via profissionalizante como alguns dirigentes afirmam? Querem continuar a exigir para doutoramentos mais empresariais o mesmo conhecimento base que se exige hoje para os investigadores que depois vão para o desemprego?

A lei diz que só podem dar doutoramentos as escolas que tiverem 75% dos seus docentes em centros de investigação classificados como Muito Bom ou Excelentes. Mas se é reconhecido hoje que os centros de investigação não dão formação para uma experiência empresarial, mas sim investigação teórico-fundamental, será que essa obrigatoriedade faz sentido, na medida em que vamos formar para o desemprego ou fomentar a emigração para o estrangeiro? Devemos investigar e formar para a indústria, na ótica da inovação tecnológica: de cortiça, papelão, têxtil, calçado, entre outras.

[CP]: Sente que o ISEC é uma instituição unida?

[MV]: Está, sem dúvida. É evidente que cada cabeça sua sentença, há sempre quem tenha diferentes opiniões. Aproveito para agradecer aos meus colegas o apoio que duma forma geral me dão. Eu sou, como disse um otimista e se fui candidato único no último ato eleitoral isso se deveu à forma como conduzi o ISEC. Penso que em média a minha equipa tem estado bem, conseguimos ultrapassar com alguma agilidade várias questões, em especial a do covid.

[CP]: Foi difícil a adaptação durante e após a covid?

[MV]: Fomos das primeiras escolas a fechar em Coimbra. Porém, devido aos meios tecnológicos que nós temos, e embora com as dificuldades inerentes a esta situação começámos a dar aulas. Foi uma situação de recurso, que custou mais aos professores mais velhos, menos adaptados às novas tecnologias. Mas não faltou apoio a ninguém e o nosso sector informático desempenhou um papel importantíssimo. Tivemos, inclusive, de ceder computadores a alguns alunos, e dentro do caos correu bem, muito bem. No fundo, os primeiros anos do meu mandato passeio-os, em grande parte, a gerir esta situação.

[CP]: Quais as repercussões da pandemia nas práticas educativas?

[MV]: Foram muitas, principalmente nos alunos que agora entraram e que fizeram o 11.º e 12.º ano em casa ou praticamente em casa. Nota-se que há uma certa dificuldade, mas temos tido um cuidado especial. Há alunos que sempre que podem não vêm à escola, preferem ficar em casa a ter aulas online, mas só muito excepcionalmente permitimos aulas fora de contexto presencial. Tenho bem presente que há pouco tempo estavam inscritos 80 alunos para fazerem exame numa disciplina, mas só apareceram 18. Uma pessoa pergunta-se: mas onde é que andam os outros? Daí a importância do nosso gabinete de apoio social, que procura combater esta e outras situações.

[CP]: O ISEC é uma instituição reconhecida pela sua componente laboratorial. Destacaria algum espaço em particular?

[MV]: Nós temos um laboratório que simula uma barragem, sobre o qual arrisco-me a dizer que é o único na Península Ibérica. É um laboratório de máquinas hidráulicas, que esteve 12 anos parado, mas que conseguimos recuperar e é hoje um ex-libris da escola. Um espaço muito importante para a aprendizagem, onde se utilizam turbinas e depósitos de água em ponto pequeno, tudo em circuito fechado, mas exactamente iguais às que se usam nas grandes barragens.

Temos, também, um bom laboratório de biomecânica aplicada e colaboramos com a Faculdade de Medicina, com Faculdade de Ciências do Desporto e desenvolvemos próteses e sistemas para Medicina Dentária. Temos, também, apoiado, como é do conhecimento público, o atleta paraolímpico Telmo Pinão. São estes projectos que nos vão tornando diferentes e uma escola cada vez mais apetecível.

[CP]: Como vê a relação entre o investimento e a investigação universitária?

[MV]: Que investimento é que o governo pretende dar? Isto não é só dizer que podes dar doutoramentos e que vamos à pressa integrar investigadores. O ensino superior em geral tem sofrido com esta questão de desenvolvimento da investigação devido à falta de investimento, falta de recursos. Essa situação nota-se e é cada vez pior. O nosso orçamento serve, praticamente, para manter o que existe, salários, prestações de serviço.

Não sou um pessimista, mas se fizer uma análise há aqui muitas coisas que deviam mudar. Os professores têm cada vez mais horários sobrecarregados, nós não temos meios para afastá-los de alguma actividade lectiva para se dedicarem à investigação. O ensino superior carece de uma reflexão e reforma muito profunda.

Portugal necessita de promover um estudo exaustivo sobre o percurso dos seus doutorados. Não sabemos onde eles estão. Fala-se em investigação, e a pergunta que faço e para a qual não temos resposta: em termos percentuais qual é a taxa de transferência de conhecimento efetiva da esfera académica para a esfera empresarial? Qual é o resultado da investigação? Se formos a Espanha ou França, vemos doutoramentos com uma forte implantação empresarial. Veja-se o caso do Instituto Politécnico de Madrid. Aqui, em Portugal, a academia, o sistema académico continua afastado da indústria e há aqui algo que tem de ser dito: se convidarmos um conjunto de pessoas do meio empresarial, o conjunto de pessoas do lado académico pergunta logo: mas o que é que essas pessoas do mundo empresarial sabem do ensino ou da academia?

[CP]: Ouvimos falar da “febrada” que os alunos costumam fazer…

[MV]: É uma forma de angariar dinheiro para os eventos da Queima das Fitas, sendo realizada em algumas quartas-feiras de tarde, quando não têm aulas. Vendem as febras, bebidas e outros bens alimentares. Tenho autorizado a sua realização mais do que é habitual pois é uma forma de trazer os alunos para a escola, para conviverem. Estou consciente que se perdeu aquele aspecto de convivialidade, da importância de estar uns com os outros. É uma forma de combater o estarem agarrados ao telemóvel e aos computadores.

Ao nível cultural e social temos, também, o Dia do ISEC, e durante o ano promovemos workshops, conferências, convidando palestrantes de elevada craveira académica e profissional, que vêm transmitir conhecimentos. Tentamos desenvolver actividades quase todas as semanas, inclusive, não só para os alunos, do ISEC, mas também para alunos de agrupamentos de escolas que vêm visitar os nossos laboratórios.

[CP]: Desafiamo-lo a deixar uma mensagem final em jeito de balanço sobre o seu trajecto no ISEC.

[MV]: Em primeiro lugar gostaria de partilhar um sentimento de agradecimento. Nós só conseguimos fazer coisas com os funcionários não docentes, eles são a alavanca fundamental para organizar as coisas. Sinto que desde o simples catering, organização do espaço, toda a logística do estacionamento, somos muito devedores a cada funcionário e à sua dedicação. Logo no primeiro ano do meu mandato fizemos cerca de 60 eventos e a equipa constituiu-se quase em dominó. Eles sabem o que têm de fazer, é uma equipa fantástica da qual me orgulho. Lanço, pois, o meu agradecimento.

Depois uma mensagem de esperança. Entendo que Portugal, em termos globais está a atravessar um período menos positivo. Mas não é o caos. Por vezes é preciso passar por certas experiências para reflectir e mudar. Vamos construir, precisamos de estabilidade, de ter esperança. Aqui não há salários em atraso, felizmente. O ISEC vai conseguir responder a todos os desafios.

DADOS BIOGRÁFICOS E CURRICULARES

Mário Velindro nasceu em Angola, em 1961, filho de uma professora primária e bibliotecária, com raízes em Coimbra, e de um pai originário da ilha da Madeira, com ligações a uma força especial de controlo de fronteiras.

Tendo iniciado o percurso escolar em Lobito e frequentado o 1.º ano do antigo liceu Paulo Dias Novais, em Luanda, guarda desses tempos gratas recordações: os amigos de infância, o gosto pela música, os périplos por Angola. Devido ao clima de guerra, acompanhou os pais no regresso a Portugal, tendo frequentado o liceu José Falcão, em Coimbra, no ano propedêutico. Foi atleta juvenil e júnior do Clube Académico de Coimbra, mas uma lesão complicada acabou com o sonho de ser jogador profissional.

Embora o caminho natural que lhe estava destinado em termos escolares, na época, fosse a Faculdade de Ciências e Tecnologia, um dia foi-lhe dado a conhecer o ISEC, cujo projecto lhe agradou, vindo a ser seu aluno no final dos anos 80.

Obtém o bacharelato, mas como as licenciaturas tardavam em se oficializar, inscreve-se na FCT onde conclui a licenciatura já com alguma experiência profissional. A convite de um professor termina o mestrado e, anos mais tarde regressa ao ISEC como professor convidado. Doutorou-se, entretanto, na área da Engenharia Mecânica.

Professor no Departamento de Engenharia Mecânica no Instituto Superior de Engenharia de Coimbra, foi pró-Presidente do Instituto Politécnico de Coimbra no tempo do professor Rui Antunes, e nomeado como seu Presidente a 9 de novembro de 2017.

Com vasta experiência profissional, colaborou na área da conceção e projecto industrial durante 18 anos, tendo sido responsável técnico e comercial da Pinhol (Equipamentos Industriais). Realizou diversos projectos de referência em Portugal, desde urbanizações a polos industriais. No caso de Coimbra é de assinalar o projecto de gás natural do novo Estádio Municipal todo ele da sua autoria: É uma obra, um marco, que me deixa muito orgulhoso, aliás, a mim e a todos os projetistas envolvidos no estádio municipal, uma equipa toda ela natural de Coimbra.

Conta com diversos artigos e conferências realizadas em Portugal, Angola, Brasil, Rússia, Espanha e Inglaterra.

DISCURSO DIRECTO

Tenho muito orgulho em ter sido não só aluno do ISEC, mas também da Universidade de Coimbra.

A minha visão enquanto presidente do ISEC passa sempre por pensar que tudo aquilo que faça ou não faça pode ter impacto na vida dos alunos. Posso não falar neles, mas eles estão sempre no meu subconsciente: vejo em cada aluno um cliente.

Temos alunos de origens variadas, nacionais e internacionais, num universo onde destaco Moçambique, Angola, Timor e Brasil.

Vim para a Academia depois da minha experiência profissional. E isso também me ajudou enquanto professor, permitindo partilhar com alunos os conhecimentos adquiridos, desde a área da gestão até à área técnica.

No ranking ocupamos uma posição modesta, mas prezo por igual todas as instituições públicas de ensino superior. Não há cá guerras, cada um tem o seu espaço.

Ou nós damos doutoramentos que deem resposta às necessidades do mercado e que nós possamos dizer, daqui a 30 anos, que os doutorados do ISEC são pessoas que estão a contribuir para a indústria, ou então formamos pessoas para o desemprego.

Falar de ensino superior tem de ser feito por sectores. Falar do ensino do Direito, por exemplo, tem um caminho distinto do da engenharia. É uma questão prática.

Eu até defendo que tal como nós temos o Hospital Universitário, nós devíamos ter uma empresa universitária ou um conjunto de empresas que colaborassem. Os currículos dos cursos deviam prever o contato com a realidade sectorial ou com os sectores em que a escola se quer especializar.

O ISEC tem 11 áreas científicas, 7 a 8 áreas científicas fundamentais. Não conseguimos ser excelentes ou muito bons em todas.

O ISEC EM NÚMEROS

A instituição conta, actualmente, com 3.357 estudantes, 79 doutorados, 174 docentes e investigadores e 83 elementos afectos ao pessoal não docente.

Disponibiliza 39 cursos ministrados em 6 Departamentos: Engenharia Civil, Engenharia Eletrotécnica, Engenharia Informática e de Sistemas, Engenharia Mecânica, Engenharia Química e Biológica, Física e Matemática.

Presta, também, um conjunto diversificado de serviços: Biblioteca, Gabinete de Inserção Profissional e Alumni, Relações Internacionais, Relações-Públicas, Serviços Académicos, Tesouraria Académica, Serviços de Manutenção, Serviço de Informática, Serviços de Ação Social, Gabinete de Apoio ao Estudante, Gabinete da Qualidade e Gabinete de Psicologia.

UM POUCO DE HISTÓRIA

O Instituto Superior de Engenharia de Coimbra (ISEC), unidade orgânica de ensino do Instituto Politécnico de Coimbra, resultou da conversão do antigo Instituto Industrial e Comercial de Coimbra, determinada pelo Decreto-Lei n.º 830/74, de 31 de Dezembro. Pelo decreto de criação “os institutos superiores de engenharia são escolas de nível universitário”, neles se conferindo os graus de bacharelato, licenciatura e doutoramento”. Desde logo o ISEC começou por formar bacharéis em engenharia civil, engenharia eletrotécnica, engenharia mecânica e engenharia química, ministrando cursos com planos de estudo de oito semestres (4 anos).

Em 1979 foram criados diversos institutos politécnicos no país, entre os quais o Instituto Politécnico de Coimbra (IPC), no qual foram sendo sucessivamente integradas várias escolas.

Em 1988, o ISEC foi integrado no Ensino Superior Politécnico através do Decreto-Lei n.º 389/88, de 25 de Outubro, tendo os planos curriculares dos bacharelatos sido reestruturados e reduzidos para seis semestres (3 anos). Nesta segunda fase de existência, além dos cursos referidos anteriormente, foram criados em 1989 o curso de bacharelato em Engenharia Informática e de Sistemas e, em 1991, o curso de bacharelato em Engenharia Eletromecânica.

Para além dos seis cursos de bacharelato referidos, funcionaram também os Cursos de Estudos Superiores Especializados (CESE) em Engenharia Civil Municipal, desde o ano lectivo de 1991/92 até ao ano lectivo de 1994/1995, e o CESE em Sistemas de Energia Eléctrica (SEE), do ano lectivo 1997/98 até 1998/99.

Com a alteração da Lei de Bases do Sistema Educativo, Lei n.º 115/97, de 19 de Setembro, foram criadas, no ano lectivo de 1998/99, seis licenciaturas bietápicas, constituídas por um 1.º ciclo, com a duração de três anos, que confere o grau de bacharel, e um 2.º ciclo, com duração de dois anos, que confere o grau de licenciatura. O 1.º ciclo entrou em funcionamento no ano lectivo de 1998/99 e o 2.º ciclo no ano lectivo de 1999/2000.

Decorrente da aprovação da Lei da Autonomia do Ensino Superior Politécnico (Lei n.º 54/90, de 5 de Setembro) e dos Estatutos do Instituto Politécnico de Coimbra (1995), os Estatutos do Instituto Superior de Engenharia de Coimbra foram publicados em 1997.

No ano lectivo de 2006/2007 entrou em funcionamento o novo curso de Engenharia Biológica, já estruturado de acordo com o modelo de Bolonha e conferindo, por isso, o grau de licenciado ao fim de 3 anos lectivos. Nesse ano não foram abertas vagas para o 1.º ano da licenciatura bietápica em Engenharia Química. As restantes licenciaturas bietápicas foram adequadas ao modelo de Bolonha.

Deste trabalho de adequação resultou que, no ano lectivo de 2007/2008 entraram em funcionamento dois novos cursos, Engenharia Biomédica e Engenharia e Gestão Industrial.

A 24 de Fevereiro de 2023 e sob proposta da Comissão de Educação e Ciência, o Parlamento aprovou que os Institutos Politécnicos possam adoptar a designação de Polytechnic University” e, assim, conferir o grau de doutor, tendo em vista a valorização do ensino politécnico a nível nacional e internacional.

Actualmente integram o IPC as seguintes instituições: Escola Superior Agrária de Coimbra, Escola Superior de Educação de Coimbra, Instituto Superior de Contabilidade e Administração de Coimbra/Coimbra Business School, Instituto Superior de Engenharia de Coimbra, Escola Superior de Engenharia e Gestão de Oliveira do Hospital e Escola Superior de Tecnologia da Saúde de Coimbra.

A história aprofundada do ISEC pode ser consultada na obra «Do Instituto Industrial e Comercial ao Instituto Superior de Engenharia de Coimbra: ISEC – 100 anos de Engenharia em Portugal, 1921-2021», da autoria do consagrado professor José Amado Mendes, contando com as colaborações de Inês Neves e Duarte Manuel Freitas.

Entrevista: João Pinho

Publicada na edição do 23.º aniversário do “Campeão” a 27 de Abril 2023

Fonte: Campeão das Províncias

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