O Jardim da Manga, em Coimbra, vai acolher a instalação sonora interactiva “Fons Vitae”, que convoca composições musicais, a maioria ali criadas e interpretadas há mais de 400 anos, quando aquele espaço pertencia ao Mosteiro de Santa Cruz.
Esta iniciativa está integrada na programação convergente da bienal Anozero’19, que recorda a importante actividade musical daquele espaço ao longo dos séculos XVI e XVII.
Naquele local, a partir de amanhã (15), será, então, possível ouvir composições musicais que têm sido recuperadas pela Universidade de Coimbra (UC), através de um projecto dos Estudos Artísticos que tem estudado e catalogado as composições que estavam arquivadas no fundo musical da Biblioteca Geral.
Nesta edição, em vez de um programa de música associado à bienal, o Jazz ao Centro Clube (JACC) decidiu desafiar Ricardo Vieira, da Digitópia, para criar uma instalação sonora com base nas gravações dos grupos Bando de Surunyo e Capella Sanctae Crucis.
No Jardim da Manga estarão oito microfones de contacto, colocados nas colunas da cúpula central da fonte. A interacção e movimento das pessoas no espaço levarão a que sejam activados sons.
“O movimento das pessoas no local e o toque nas colunas da cúpula central vai lançar ficheiros de som que vão criar uma banda sonora em tempo real. Uma espécie de composição instantânea”, aclarou José Miguel Pereira, director do JACC, referindo que a intensidade dos sons que vão saindo também depende da intensidade com que as pessoas tocam nas colunas da cúpula, onde estão os microfones de contacto.
José Miguel Pereira refere, ainda, que a ferramenta criada por Ricardo Vieira “permite uma análise das características musicais de cada peça e a composição em tempo real não tem uma mistura aleatória”, analisando “características como a pulsação ou a tonalidade” de cada som.
Ao longo do dia, a instalação, mesmo quando não há interacção por parte das pessoas, emite um som contínuo, a ecoar na cúpula.
“É uma experiência imersiva e ninguém terá uma experiência igual, em qualquer das vezes que visitar o espaço. A composição criada será sempre única e irrepetível”, vincou José Miguel Pereira.
Esta instalação pretende assinalar, também, a reabilitação do Jardim da Manga, obra feita após o desafio lançado pela bienal à Câmara Municipal de Coimbra e à Direcção Regional de Cultura do Centro.
“Em todas as edições procuramos pôr a atenção num espaço novo. Esse também é o propósito da bienal, que é alargar o espectro patrimonial da cidade e não ficarmos concentrados naquilo que a UNESCO designou como Património da Humanidade”, afirmou Carlos Antunes, director do Círculo de Artes Plásticas de Coimbra (CAPC).
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