O médico Cândido Ferreira, que foi candidato presidencial nas eleições de 2016, faleceu hoje, aos 73 anos, após um período de doença.
Natural de Febres, Cantanhede, legou a este Município a sua vasta e valiosa colecção para integrar um museu que se encontra em construção.
Licenciado em Medicina, em Coimbra, em 1973, Cândido Ferreira foi, entre 1978 e 1982, monitor da cadeira de Nefrologia, nos HUC. Em 1980 frequentou um curto estágio em Lyon na área dos transplantes, que abriu caminho à primeira colheita de órgãos de cadáver em Portugal, tendo também sido o médico que, sob a direcção do Prof. Linhares Furtado, participou na primeira transplantação bem-sucedida, em Portugal.
Especialista em Nefrologia com a nota máxima, foi fundador do Colégio de Especialidade da Ordem dos Médicos, tendo posteriormente criado na zona de Leiria várias clínicas de hemodiálise.
Em 1974, após a Revolução dos Cravos, Cândido Ferreira filiou-se no Partido Socialista, liderado por Mário Soares. Em 1976 foi mandatário-jovem da candidatura presidencial de Ramalho Eanes às presidenciais do mesmo ano, tendo-se desvinculado do Partido Socialista, para onde voltaria em 1982.
Foi membro da Assembleia Municipal de Leiria, tendo sido o líder da bancada do PS entre 1985 e 1989. Chegou ainda a ser candidato a presidente da Câmara Municipal, perdendo para o candidato social-democrata.
Foi presidente da Federação Distrital do PS em Leiria, entre 1991 e 1995, sendo director de campanha local de Jorge Sampaio nas presidenciais de 1996. Em 2011 candidatou-se à liderança do Partido Socialista contra o então primeiro-ministro José Sócrates e, após ter sido derrotado, deixou o Partido Socialista.
Em 2015 apresentou-se em Cantanhede como candidato às eleições presidenciais de 2016. A sua candidatura foi marcada por um momento em que abandonou um debate com Marcelo Rebelo de Sousa, Jorge Sequeira e Vitorino Silva, por discordância com os tempos de antena dados a cada candidato.
Em 31 de Dezembro de 2017, Cândido Ferreira decidiu encerrar a sua carreira médica tal como a iniciou, em serviço na urgência, na clínica que dirigia. Da sua intensa actividade médica extraiu vários contos e vários livros publicados.
Cidadão do mundo, desde sempre ligado ao mundo empresarial, às artes, à cultura e à ciência, e com tantas áreas por explorar, em 2020 sentiu-se obrigado a voltar a “vestir a bata branca”, tendo publicado um invulgar conjunto de textos sobre a actual pandemia, muitos dos quais no nosso Jornal, o “Campeão das Províncias”.
É autor dos romances “O Senhor Comendador”, “A Paixão do Padre Hilário” e “Setembro Vermelho” e de três livros de crónicas – “Os Burros”, “Esmeralda-Sim!…” e “Pelas Crianças de Portugal”,
Os três últimos livros que escreveu e publicou foram “Nos Bastidores da Medicina”, “Estórias deste Mundo e do Outro” e “Covid-19 A Tempestade Perfeita”, os quais apresentou em Coimbra, em Cantanhede e por todo o país.
Ligado à defesa do património, animou a criação de um “Museu de Arte e Coleccionismo” em parceria com a Câmara Municipal de Cantanhede, a partir da doação de 700 mil peças que reuniu, estudou e catalogou, e que se encontram dispersas por uma centena de temáticas, sendo algumas populares e outras ligadas à Bibliografia, ao Dinheiro, à História Postal, à Arqueologia e a diversas Artes Decorativas, como as colecções de pintura portuguesa e de artesanato, esta recolhida em todo o mundo.
Desde sempre que mantém cooperação regular com diversos países de língua portuguesa, através de uma ONG de que foi membro fundador. Em 2007 adquiriu uma propriedade em Urra – Portalegre, onde desenvolveu actividades ligadas à agricultura, à pecuária e à hotelaria e onde criou um espaço museológico que reúne 800 peças recolhidas no nosso país e suas ilhas adjacentes, desde a antiguidade até aos nossos dias.
Fonte: Campeão das Províncias
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