Mebrahtom Beraki, antigo estudante do ISEC – Instituto Superior de Engenharia de Coimbra, vai receber pelas mãos de Mary Simon, governadora-geral do Canadá, uma medalha Dufferin – que distingue os alunos que mais se destacaram nos diferentes ciclos de estudos nesse país. A distinção deve-se ao projecto de doutoramento que Mebrahtom Beraki está a desenvolver sobre a criação de um novo tipo de conversores de eletrónica de potência com bobinas variáveis, de pequena dimensão, que torne os veículos elétricos mais autónomos e sustentáveis.
A investigação está a ser orientada por João Pedro Trovão, professor do ISEC e da Universidade de Sherbrooke, no Canadá. Este projecto irá criar uma nova bobina que reduzirá as perdas de conversão da energia, o peso e o tamanho dos tradicionais indutores de potência – componentes que recebem e armazenam energia elétrica – que são normalmente volumosos para os níveis de potência de um veículo elé0ctrico. O protótipo está em fase de testes em pequenos veículos elétricos recreativos para uma empresa canadiana.
O projecto permitirá que os veículos eléctricos se tornem mais autónomos, já que “a energia que não é desperdiçada em perdas nas bobinas – por calor e magnéticas – será utilizada para fazer mais quilómetros, bem como para reduzir o peso e o volume – prementes nos veículos elétricos”, afirma João Pedro Trovão.
Quanto à sustentabilidade ambiental, a metodologia facilitará a utilização de “outros materiais magnéticos que evitarão a dependência dos materiais chamados de ‘terras raras’ – com custos elevados de produção e necessidade de muita energia – possibilitando uma maior independência de países orientais que detêm praticamente todas as reservas deste tipo de material”.
Em 2015, João Pedro Trovão recebeu um financiamento do governo do Canadá no valor de 500 mil dólares para desenvolver projectos relacionados com carros elétricos. Como tal, optou por integrar na sua equipa de investigação Mebrahtom Beraki, agora estudante de doutoramento na Universidade de Sherbooke, para que pudesse continuar o projecto que iniciou durante o mestrado em Mobilidade Elétrica e Sistemas de Energia, no ISEC.
“Acompanhei de perto o projecto de mestrado do Mebrahtom Beraki no ISEC e, sabendo do seu potencial, convidei-o a desenvolvê-lo connosco”, afirma João Trovão.
“A sua investigação enquadrava-se no nosso programa de pesquisa, o qual pretendia desenvolver trabalhos na área de veículos elétricos para maximizar a sua autonomia e potenciar a utilização de energia verde. Esta distinção – o prémio com mais prestígio que os estudantes de instituições de ensino do Canadá podem receber – é a prova do seu excelente trabalho”.
Mebrahtom Beraki começou a investigação no ISEC durante o mestrado, sob orientação e co-orientação de Marina Perdigão e João Pedro Trovão, professores nessa escola de engenharia. Natural da Eritreia, este estudante fazia parte do programa Erasmus Mundus Master Course in Sustainable Transportation and Electrical Power Systems, que resulta de uma parceria entre a Universidade de Oviedo, as Universidades de Nottingham e de Roma e o Instituto Superior de Engenharia de Coimbra.
“A base para este projecto foi criada no ISEC, quando o Mebrahtom Beraki estudou connosco. Começou nos nossos laboratórios e com os nossos investigadores e continua agora a ser desenvolvida com elementos que fazem parte do nosso corpo docente”, afirma Mário Velindro, presidente do ISEC. “É um privilégio ver reconhecido internacionalmente o trabalho e as ideias de estudantes que passaram pela nossa escola de engenharia”.
As medalhas Dufferin existem no Canadá desde 1873, altura em que o Conde de Dufferin atribuiu as primeiras distinções para promover a excelência no ensino canadiano. Desde então, os governadores-gerais do país têm atribuído medalhas aos estudantes com melhor historial académico. Cada instituição de ensino do país elege os 5% melhores alunos, mas a selecção final dos candidatos fica a cargo do governo canadiano. A medalha de ouro, conquistada por Mebrahtom Beraki nesta edição, é atribuída ao melhor aluno de doutoramento.
A medalha será entregue numa cerimónia oficial, ainda sem data definida face à pandemia da Covid-19.
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