COIMBRA,9 de Novembro de 2025

Edifício descoberto no Iraque por equipa de Coimbra revela dados sobre início da civilização

15 de Outubro 2025 Rádio Regional do Centro: Edifício descoberto no Iraque por equipa de Coimbra revela dados sobre início da civilização

Uma equipa da Universidade de Coimbra (UC) descobriu um edifício monumental no sítio arqueológico de Kani Shaie, no Curdistão Iraquiano, que está a fornecer novos dados sobre os primórdios da civilização humana e sobre a relação entre as antigas comunidades da Mesopotâmia e as regiões montanhosas dos Montes Zagros.

A investigação decorre no âmbito do Projecto Arqueológico de Kani Shaie, coordenado pelo Centro de Estudos em Arqueologia, Artes e Ciências do Património (CEAACP) da UC, em parceria com a Universidade de Cambridge e as autoridades de Património Cultural de Suleimânia.

Na campanha de escavações, a equipa identificou, na parte alta da colina artificial de Kani Shaie, um edifício de carácter monumental, possivelmente um espaço de culto, datado do período de Uruk (c. 3300–3100 a.C.) – uma das épocas mais determinantes na história da Mesopotâmia, associada à emergência das primeiras cidades e à criação dos sistemas administrativos e culturais que moldaram o mundo antigo.

“Ao confirmar-se a natureza monumental do edifício, que está agora a ser estudado ao detalhe, esta descoberta poderá alterar profundamente o entendimento da relação entre Uruk e as regiões periféricas”, explicam os arqueólogos André Tomé, Maria da Conceição Lopes e Steve Renette. “Sítios como Kani Shaie deixam de ser vistos como marginais e passam a ser reconhecidos como actores centrais nos processos de difusão cultural e política”.

Durante as escavações, os investigadores encontraram também um fragmento de pendente em ouro, que revela práticas de ostentação e acesso a metais preciosos em comunidades consideradas periféricas, e um selo cilíndrico do período de Uruk, artefacto associado a práticas administrativas e de legitimação de poder.

Foram ainda identificados cones de parede, elementos decorativos típicos da arquitectura monumental de Uruk, reforçando a interpretação do edifício como uma estrutura pública ou cerimonial.

Para os arqueólogos, Kani Shaie é hoje considerado “o mais importante sítio arqueológico a leste do rio Tigre para compreender a sequência de ocupação humana entre os IV e III milénios a.C.”, continuando a revelar “dados inéditos sobre os primeiros desenvolvimentos sociais e políticos do Crescente Fértil”, conhecido como o Berço da Civilização.

O projecto, que decorre desde 2013, é dirigido por André Tomé, Maria da Conceição Lopes e Steve Renette, com Michael Lewis como director assistente. A equipa inclui investigadores da Universidade de Coimbra, da Universidade do Algarve, da Universidade de Cambridge e técnicos das autoridades de património do Curdistão Iraquiano, além de especialistas de várias nacionalidades.

A campanha de 2025 foi financiada pela Fundação para a Ciência e a Tecnologia (FCT) e pela Universidade de Cambridge, com o apoio das autoridades de património do Curdistão Iraquiano.

Fonte: Campeão das Províncias

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