Margarida Abrantes, professora da Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra, é uma das quatro cientistas distinguidas no prémio “Mulheres na Ciência 2020”, na 17.ª edição das Medalhas de Honra L’Oréal Portugal.
A cientista, que a par das outras três galardoadas irá receber 15 000 euros, irá analisar a sensibilidade à radiação em pessoas portadoras de uma mutação genética na origem do cancro hereditário da mama e do ovário.
O estudo de Margarida Abrantes visa “esclarecer os efeitos da radiação ionizante”, presente nas radiografias, mamografias e tomografias computorizadas, na população com risco acrescido de cancro da mama e do ovário, por apresentar uma mutação no gene BRCA2, e que é sujeita a vigilância regular através de exames de diagnóstico por imagem que implicam exposição a radiação.
O gene BRCA2 actua como um supressor de um tumor, repara danos nas células que “podem ser causados pela radiação ionizante”.
Nas pessoas com mutação neste gene, a reparação celular pode “estar comprometida” e as células “podem sofrer alterações que podem levar a carcinogénese [processo de formação de cancro]”, realçou à Lusa a investigadora e docente.
Ao caracterizar os efeitos da radiação ionizante a que os portadores da mutação no gene BRCA2 são expostos nos exames radiológicos de vigilância que realizam, Margarida Abrantes espera poder contribuir para a sua optimização.
No seu projecto, a investigadora vai irradiar amostras de sangue e analisá-las recorrendo a “diferentes metodologias de biologia celular e molecular”.
As bolsas são copromovidas pela filial portuguesa da multinacional de cosmética L’Oréal, que financia; pela comissão nacional da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO) e pela Fundação para a Ciência e Tecnologia, que designa o júri que avalia as candidaturas. Para além de Margarida Abrantes, receberam ainda as medalhas Joana Carvalho, Inês Fragata e Liliana Tomé.
As quatro investigadoras, com idades entre os 28 e os 37 anos, foram seleccionadas, entre mais de 97 candidatas, por um júri presidido pelo cientista e deputado Alexandre Quintanilha.
Instituídas em 2004, as Medalhas de Honra L’Oréal Portugal para as “Mulheres na Ciência” destinam-se a incentivar as cientistas em início de carreira a realizarem estudos nas áreas das ciências, engenharias e tecnologias para a saúde ou o ambiente.
A edição de 2020 apoiou, pela primeira vez, uma proposta de investigação na área das alterações climáticas.
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