Um futuro aeroporto na região Centro deverá ficar localizado em “Soure ou nas vizinhanças de Soure […] tudo aponta para essa zona”, adiantou, há dias, Manuel Queiró, autor de um estudo sobre a infra-estrutura, encomendado pela Câmara de Coimbra, referindo ser o nó da auto-estrada A1 naquele concelho “uma boa referência para um compromisso operacional e político”.
O TERRAS DE SICÓ sabe que é justamente nas “vizinhanças” de Soure, mais concretamente na localidade de Ega, no concelho de Condeixa, que estará a melhor localização para a infra-estrutura, tendo em conta factores como a orografia (zona plana), proximidade a vias de comunicação importantes e os inerentes custos associados à execução do projecto.
De resto, ao que apurámos, em estudo estão duas possibilidades, muito próximas uma da outra, diferenciando-se sobretudo pela orientação da pista.
A opção-Ega permitiria ainda ter a poucos quilómetros (e a escassa dúzia de minutos) dois nós de auto-estrada – Condeixa e Soure -, bem como a plataforma rodoferroviária de mercadorias de Granja do Ulmeiro/Alfarelos, associada à Linha do Norte.
O documento descarta a preferência pelo alargamento do aeródromo Bissaya Barreto, em Cernache/Antanhol, devido às “dezenas de milhões” de euros necessários só para aumentar a pista, e analisa ainda outras hipóteses nos concelhos de Soure, Condeixa e Penela.
Manuel Queiró, especialista em planeamento e ex-presidente da CP, defende que o futuro aeroporto internacional seja, numa primeira fase, um aeródromo “tipo III”, capaz de receber voos internacionais no interior do espaço Schengen, com uma pista de 2.000 metros de extensão. Uma eventual segunda fase, de expansão para os 2.700 metros, “só avançará com a primeira fase estabilizada”, referiu.
Para o presidente da Câmara de Condeixa, Nuno Moita, é indiferente se a infra-estrutura se localizará ou não no seu concelho. “Não faço disso cavalo-de-batalha, faço-o é que seja um aeroporto internacional na região de Coimbra, que iria revolucionar o turismo e protagonizar uma mudança absoluta de paradigma no desenvolvimento desta região”, sustenta.
As hipóteses em estudo no concelho de Soure são penalizadas essencialmente pela orografia, com os custos decorrentes a uma intervenção, e pelo ordenamento do território. “O meu território é muito disperso, tem 150 aldeias espalhadas por 250 km quadrados, não é concentrado, e isso vai criar-me problemas difíceis de ordenamento do território. Por outro lado, é uma região agrícola por excelência, de muita água, e em termos ambientais é complicado”, salienta o autarca sourense, Mário Jorge Nunes, admitindo que “não é fácil” colocar a infra-estrutura no seu município. “Pessoalmente, não o desejo, nem me agrada, mas faremos todos os sacrifícios que forem necessários para dar cobertura a esse empreendimento, fundamental para o desenvolvimento da região”, reafirma.
Ambos os autarcas enaltecem também o papel do presidente da Câmara de Coimbra, Manuel Machado, que há um ano trouxe o assunto “aeroporto internacional” à liça. “Deu um passo importante para a clarificação da situação: ou há Monte Real ou há uma alternativa”, refere Mário Jorge Nunes, sustentando que “ainda que este movimento [para construir o aeroporto] não venha a ter sucesso, mas que pressione a abertura da base aérea de Monte Real à aviação civil, já valeu a pena”.
O concelho de Penela surge igualmente referenciado como uma das opções em estudo (na zona do Rabaçal), mas o presidente da Câmara, Luís Matias, afirmou ao TERRAS DE SICÓ que “neste momento não é importante discutir onde fica o aeroporto, importa é que a região Centro se mobilize para este projecto estratégico e estruturante, independentemente da sua localização”.
Manuel Queiró propõe a criação “de imediato” de uma associação intermunicipal de desenvolvimento de mobilidade aérea, de direito privado, a quem caberá “o desenvolvimento de uma opção para a localização (regime predominante dos ventos, estudos geotécnicos, ligações rodoviárias e ferroviária), a avaliação das condições de mercado, estudos de viabilidade económica, elaboração de um projecto de execução e orçamentação”, compreendendo quer a 1.ª fase, quer a expansão do projecto, a ser apresentado à União Europeia para financiamento.
LUÍS CARLOS MELO
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