Carlos Cortes, candidato a Bastonário da Ordem dos Médicos (OM), considerou, esta segunda-feira, que os “ensinamentos” da pandemia da Covid-19 “estão a ser postos de parte pelo poder político”, que “em vez de ser conduzido pela ciência, é conduzido pelas primeiras páginas dos jornais e pela agenda mediática”.
“Tenho muito receio do que possa vir a acontecer nos próximos tempos”, afirmou o presidente da Secção Regional do Centro da Ordem dos Médicos (SRCOM), durante uma sessão do Fórum Ser Médico Hoje, intitulada “A Próxima Pandemia”, que se realizou após a formalização da sua candidatura.
O Fórum Ser Médico Hoje, lançado no âmbito da candidatura de Carlos Cortes a Bastonário da Ordem dos Médicos, pretende ser um espaço aberto a todos os médicos para uma discussão alargada sobre o futuro da Saúde em Portugal. A sessão, que teve lugar na Ordem dos Médicos, em Lisboa, contou ainda com a participação de Filipe Froes, mandatário da candidatura e ex-coordenador do Gabinete de Crise da OM para a Covid-19, e Augusto Magalhães, presidente do Colégio da Especialidade de Oftalmologia da OM e coordenador do Fórum.
Para Carlos Cortes, “a agenda mediática dos políticos muitas vezes não é a agenda dos médicos e da ciência”. “Os ciclos políticos e mediáticos não correspondem aos ciclos pandémicos e epidémicos e, apesar da informação [científica] que temos, a verdade é que os nossos políticos, os responsáveis por implementar soluções adequadas, esquecem-na com facilidade”, defendeu.
Filipe Froes, por sua vez, considerou que “as pandemias são inevitáveis”, devido a vários factores, nomeadamente as “alterações climáticas”, os “fluxos migratórios” e a “desvalorização do conhecimento”, apelidando esta última de “a nova ignorância”.
“A próxima pandemia pode acontecer a qualquer momento e vai depender dos sistemas de antecipação, vigilância e preparação”, disse o pneumologista, identificando ainda a “politização do conhecimento” como uma “ameaça à escala global”.
Carlos Cortes enalteceu o trabalho de Filipe Froes enquanto coordenador do Gabinete de Crise, destacando-o como um “elemento fundamental na resposta à pandemia, na colaboração com várias entidades no terreno e na tentativa de combate a desinformação”. Afirmou ainda que a pandemia demonstrou a “necessidade de dar mais condições de resposta” a várias áreas da saúde, nomeadamente à Saúde Pública, aos Cuidados de Saúde Primários e aos Hospitais.
Para o candidato, contudo, “o poder político” optou por “dar mais capacidade aos cuidados intensivos, que do ponto de vista mediático tiveram mais impacto”. “Todas estas áreas essenciais para travar a próxima pandemia foram rapidamente secundarizadas pelo poder político, porque não estiveram na primeira linha da agenda mediática e política”, defendeu o presidente da Secção Regional do Centro da ordem dos Médicos.
Carlos Cortes formalizou oficialmente a sua candidatura a Bastonário, esta segunda-feira, juntamente com o seu mandatário, Filipe Froes. “Tudo farei para provar que Carlos Cortes será o melhor Bastonário da Ordem dos Médicos”, afirmou o pneumologista, descrevendo o presidente da SRCOM como alguém “empenhado em defender o que é melhor para a Saúde dos portugueses”.
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