O ciclotrão (acelerador de partículas), inaugurado no Instituto de Ciências Nucleares Aplicadas à Saúde (ICNAS) da Universidade de Coimbra (UC), vai tornar mais acessível um diagnóstico preciso e fiável do cancro da próstata e do cancro do pâncreas.
Desenvolvido pela UC, em parceria com a multinacional belga IBA, o ciclotrão é pioneiro a nível mundial e vai optimizar a produção do isótopo Gálio-68, fundamental para o diagnóstico de carcinoma da próstata e de cancro do pâncreas, até aqui de difícil acesso, num investimento de dois milhões de euros, repartido entre a UC e a IBA.
A tecnologia para a produção deste isótopo e transformação em radiofármaco foi completamente desenvolvida pelo ICNAS e a criação de ciclotrões que permitem extrair o Gálio-68 de forma optimizada, mais pura e mais eficiente, foi feita em colaboração com um dos maiores fabricantes de ciclotrões a nível mundial, a IBA, explicou o coordenador do projecto, Francisco Alves.
Na inauguração, o reitor da UC salientou que este novo ciclotrão vai permitir aumentar a produção de radiofármacos do ICNAS, ao mesmo tempo que potencia o valor do Gálio-68.
Segundo Amílcar Falcão, a UC vai também aproveitar “o que resta do actual Quadro Comunitário de Apoio e o próximo para conseguir ir ainda mais longe nesta área”.
Na inauguração do ciclotrão foi, também, apresentados pelos investigadores Miguel Castelo-Branco e Antero Abrunhosa, respectivamente, os projectos de Imagem Médica e PET Cerebral de Alta Resolução em curso no ICNAS, em colaboração com o Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra (CHUC) e com o Laboratório de Instrumentação e Física Experimental de Partículas (LIP).
Em 10 anos de vida, o Instituto de Ciências Nucleares Aplicadas à Saúde já desenvolveu processos de produção para mais de 20 moléculas (com utilização clínica e de investigação em PET) e é a instituição de referência mundial na produção dos radiofármacos baseados em Gálio-68, Cobre-64 e Cobre-61 utilizando alvos líquidos.
Mais ciência contra o cancro
A meta de três em cada quatro doentes a sofrer de neoplasias com perspectiva longa de vida em 2030 só se consegue atingir “com mais ciência”, afirmou o ministro Manuel Heitor.
No 10.º aniversário do Instituto de Ciências Nucleares Aplicadas à Saúde (ICNAS) da Universidade de Coimbra, o ministro da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior frisou que Portugal tem a ambição de atingir a meta de que três em cada quatro doentes de cancro tenham uma perspectiva longa de vida em 2030 e isso, frisou, “só se faz com mais ciência”.
Essa meta “exige mais ciência para se poder reduzir as mortes provocadas pelo cancro, sendo também necessário mais formação em Medicina e em tecnologias de Saúde, por forma a alcançar esses objectivos”, vincou o governante.
O esforço também tem de ser centrado na articulação da formação, produção de novo conhecimento e desenvolvimento de equipamentos “com toda a área da prevenção, cura e tratamento oncológico”, explicou.
Para o ministro, o ICNAS e o seu novo ciclotrão, acabado de inaugurar, “demonstram bem a capacidade que já há, hoje, em Portugal para o país integrar as principais redes europeias na área do tratamento e da prevenção dos carcinomas”.
Nesse sentido, o Governo está a trabalhar para que Portugal integre a rede dos principais hospitais e centros de investigação na área do cancro, denominada “EU Cancer Core”, já em 2020, avançou.
“Para isso é preciso, a nível nacional, articular muito do trabalho que está a ser feito aqui, nos centros de investigação, nos hospitais, nas faculdades de Medicina e nas escolas de enfermagem e tecnologias de Saúde para integrarem a rede nacional dos centros compreensivos de cancro”, vincou o ministro.
Jornal Campeão das Províncias
Todos os direitos reservados Grupo Media Centro
Rua Adriano Lucas, 216 - Fracção D Eiras - Coimbra 3020-430 Coimbra
Powered by Digital RM