É uma “tradição” que já ninguém dispensa. Em Soure, no próximo dia 3 de Março, o Clube Tracção Total Aventuras junta “um grupo de amigos” e proporciona momentos diferentes aos utentes da Associação Portuguesa de Pais e Amigos do Cidadão Deficiente Mental (APPACDM) local, com o habitual (já lá vão 17 anos!) passeio todo-o-terreno.
“Não é um passeio a favor de, é sim um passeio com. Eles têm um dia diferente e vibram muito com isso, o que faz com que desde que organizámos o primeiro passeio não deu mais para parar. Mesmo que alguém se esqueça eles lembram-nos”, refere António Pinhão, presidente do clube organizador, explicando que “as pessoas que têm jipe, nesse dia cedem o lugar do pendura a um dos utentes da instituição”.
Não é bem uns conduzem e os outros divertem-se, porque “nós acabamos por nos divertir também com eles. A ligação que fica é de tal ordem que muitos utentes não abdicam de ter sempre o mesmo condutor”, elucida o dirigente, revelando que, no caso dele, a “pendura” é a mesma há 16 anos. “Ela nem sequer põe a hipótese de andar com outra pessoa…”
“É impossível não nos sentirmos tocados por esta malta. É muito gratificante para nós e uma alegria para eles, são ligações que ficam para a vida”, frisa António Pinhão, com dificuldade em “descrever por palavras os sentimentos vividos naquele dia”.
Cerca de duas dezenas e meia de jipes participam habitualmente na iniciativa com um percurso que permite desfrutar das paisagens do concelho de Soure e que apresenta um “grau de dificuldade zero”, porque o dia não é para aventuras.
A participação não tem qualquer custo de inscrição, basta “aparecer com o jipe e disponibilizar dois lugares, um para o utente da APPACDM e outro para um técnico auxiliar que o acompanhará”. Entre condutores e acompanhantes, utentes das diversas valências da associação e técnicos auxiliares da instituição, a iniciativa envolverá mais de uma centena de pessoas, que terminam a jornada com um almoço oferecido por aquela IPSS.
“Isto não faz bem só a eles, faz bem também a todos nós que participamos”, considera o líder do clube sourense. “Chegamos ao final do dia com um sentimento muito gratificante e de dever cumprido, porque achamos que não custa nada fazê-los ter um dia um pouco diferente e se calhar mais feliz e marcante que o habitual”, salienta António Pinhão, certo que o passeio todo-o-terreno é para continuar “por eles e por nós”. “Nem nós equacionamos acabar com o evento e nem isso lhes passa pela cabeça”. Sendo assim, um fim-de-semana de Março continua reservado para uma solidariedade diferente. Sobre rodas.
LUÍS CARLOS MELO
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