O nó de Soure da auto-estrada A1 é “uma boa referência para um compromisso operacional e político” em torno do futuro aeroporto para a região Centro, defendeu hoje, em Coimbra, Manuel Queiró, autor de um estudo sobre a infra-estrutura, referenciando Condeixa e Penela como outras hipóteses.
A partir de Coimbra e para sul, “a fugir ao distrito de Aveiro, com um aeroporto consolidado perto – Porto – e a caminho de Fátima, grande foco de passageiros”, Condeixa e Penela, com nós de auto-estradas (A1 e A13, respectivamente) próximos são outras opções “interessantes”.
“Soure ou nas vizinhanças de Soure, […] tudo aponta para essa zona”, acentuou aquele especialista em planeamento e ex-presidente da CP, que aludiu também, ainda que de forma vaga, ao nome de Pombal.
Manuel Queiró recusou contudo apontar uma localização precisa, atitude que, disse, seria “irresponsável” por poder induzir à especulação imobiliária.
O estudo, que confirma a notícia avançada, em primeira mão, na passada sexta-feira pelo TERRAS DE SICÓ, sobre a primazia do território de Sicó como a melhor localização para um futuro aeroporto na região Centro, estabelece os critérios de natureza técnica, regulamentar e legal “que presidem à caminhada para esse objectivo”, designadamente, as acessibilidades rodoviárias centrais, menor distância à população da região, áreas mais distantes dos aeroportos existentes, exclusão de áreas de espaço aéreo condicionado e centralidade em relação aos principais pólos geradores de viagens aéreas.
O autor do estudo defendeu igualmente que o futuro aeroporto internacional seja, numa primeira fase, um aeródromo capaz de receber voos internacionais.
Intervindo numa conferência sobre a Semana Europeia da Mobilidade, Manuel Queiró, a quem a autarquia de Coimbra contratou um estudo sobre a futura infra-estrutura aeroportuária, descartou a hipótese de ela se situar no aeródromo municipal Bissaya Barreto, em Cernache, como anunciado há um ano pelo presidente da Câmara Manuel Machado, aquando da apresentação da sua recandidatura autárquica.
Queiró questionou se se quer um aeródromo municipal “que não permite o crescimento da pista” [para ser transformado em aeroporto].
“Vamos esquecer Cernache se queremos uma estrutura ambiciosa”, argumentou o autor da proposta – cujo relatório final será entregue à autarquia nos próximos 15 dias – argumentando que para aumentar a pista para os 1.200 metros seria necessário gastar “dezenas de milhões” de euros.
Ao invés, Manuel Queiró propôs que, numa primeira fase, se opte por um aeródromo do tipo III “suportado por muitas autarquias e talvez regiões”, capaz de receber voos internacionais no interior do espaço Schengen e uma pista de dois mil metros de extensão.
Uma eventual segunda fase, de expansão para os 2.700 metros, “só avançará com a primeira fase estabilizada”, enunciou.
Manuel Queiró propôs ainda a criação “de imediato” de uma associação intermunicipal de desenvolvimento de mobilidade aérea, de direito privado, a quem caberá “o desenvolvimento de uma opção para a localização (regime predominante dos ventos, estudos geotécnicos, ligações rodoviárias e ferroviária), a avaliação das condições de mercado, estudos de viabilidade económica, elaboração de um projecto de execução e orçamentação”, compreendendo quer a 1.ª fase, quer a expansão do projecto, a ser apresentado à União Europeia para financiamento.
Na intervenção final da conferência, Manuel Machado admitiu deixar cair a localização de Coimbra para a nova estrutura aeroportuária e agradeceu a Manuel Queiró a apresentação realizada sobre uma questão “problemática”, mantendo que não desiste do projecto.
“A região Centro precisa de uma acessibilidade aeroportuária, se não tiver condições não exigimos que seja no nosso quintal. Deverá ser localizado onde seja mais rentável do ponto de vista financeiro, económico e social”, afirmou Manuel Machado.
LUIS CARLOS MELO, com LUSA
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