Se ainda não ouviu falar neste movimento, não se surpreenda. Ainda que tenha nascido com o século XXI, existem apenas alguns artigos, poucos, em blogs estrangeiros, escassos artigos nos media tradicional, e um documentário intitulado «Playing with FIRE» (Brincando com o fogo em português, brincando com a palavra fogo que é a abreviatura de Financial Independence, Retire Early).
O movimento FIRE nasceu nos Estado Unidos da América, por volta do ano 2000, e defende uma independência financeira para uma reforma antecipada. É isto mesmo que a sua abreviatura quer dizer: FI – independência financeira e RE – reforma antecipada.
Os seguidores deste estilo de vida, na sua maioria millennials, acreditam no controle total das suas finanças, reduzindo os gastos e maximizando os ganhos, o mais possível. Apoiados num estilo de vida minimalista, em que pretendem trabalhar o mais possível entre os 20 e os 40 anos, para que se possam reformar aos 50. Sob a égide de uma vida de austeridade, os seguidores do movimento FIRE, esforçam-se por fazer o maior número possível de horas extras no emprego e chegam a aproveitar as suas folgas e fins-de-semana para ganhar dinheiro com um segundo trabalho, regra geral online. Desta forma, restando-lhes pouco tempo para esbanjar dinheiro ou comprar futilidades.
Com o mínimo possível, em apartamentos minimalistas e a sua vida é simples e com um foco máximo no trabalho. De forma a controlar melhor as suas finanças, os seguidores do movimento FIRE, fazem-no de forma constante e simples através de aplicações de finanças que estão à distância de um simples toque no ecrã do telemóvel. Controlam todos os aspectos financeiros da sua vida e esta é uma boa forma de saberem onde estão a gastar demais e em que despesas podem cortar mais um bocadinho.
Obviamente online, para não jogar dinheiro fora! Existem alguns fóruns e comunidades online, onde trocam dicas entre si e conversam sobre os aspectos da sua vida. Como todas as pessoas, os FIRE precisam de sociabilizar e esta é a sua forma, poupando nas despesas de uma ida a um bar ou discoteca.
Sem dúvida que este movimento causa muita polémica e recolhe imensas críticas por uma sociedade que já se habituou a trabalhar por longos e compridos cinquenta anos. Muitas das vozes que contestam este movimento escandalizam-se com o facto destes jovens desperdiçarem os melhores anos da sua vida focados apenas no futuro, na vida que terão a partir dos cinquenta anos de idade. As vozes discordantes acreditam que é um desperdício de vida, pelo facto que ninguém sabe se vai conseguir estar vivo amanhã, quanto mais daqui a 20 ou 40 anos. E quando estes jovens alcançarem os seus objectivos – se é que isso é financeiramente possível – estarem tão exaustos e desconectados das pessoas que não vão conseguir usufruir do sacrifício pelo qual passaram.
Claro está, todos os movimentos que envolvem de alguma forma a mudança de mentalidades e vêm abalar com estilos de vida e conceitos tradicionais, serão sempre muito contestados e receberão sempre muitas críticas pela sociedade instituída. Mas quem nos garante que este não é o estilo de vida do futuro?
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