O Centro de Iniciação Teatral Ester de Carvalho (CITEC), de Montemor-o-Velho, vai assinalar, nos próximos três anos, o quinquagésimo aniversário, que ocorre em 2020, com um programa que inclui designadamente a estreia de seis produções próprias.
Entre as múltiplas iniciativas do programa comemorativo dos 50 anos do CITEC, que decorre em 2019, 2020 e 2021, destaque para a estreia de produções próprias, como as que resultarão do convite feito a “três dramaturgos para escreverem três originais, um para cada ano, bem como a encenadores que possam aduzir novas experiências ao grupo”, disse à agência Lusa Deolindo Pessoa, um dos fundadores e membro da direcção do CITEC.
Está previsto estrear duas novas produções por ano, que poderão ser em co-produção com outros grupos, para além da apresentação de produções anteriores, entre as quais ‘Visitação mor’, realizada pela primeira vez em maio.
Visita guiada ao castelo de Montemor-o-Velho, ‘Visitação mor’ percorre seis espaços, onde se desenrolam quadros teatrais, em cada um dos quais “uma personagem da história local aborda factos históricos, lendas, textos apócrifos e a paisagem que se deslumbra, com muito espaço à imaginação”.
‘Memórias de um Abril’ é o título de uma das criações teatrais agendada para 2019, que, assinalando os 45 anos do 25 de Abril, terá a participação de elementos de outros grupos do concelho e deverá estrear em 24 de Abril, na Praça da República, no centro da vila, no distrito de Coimbra.
Também em 2019, em Setembro, será apresentado ’50 anos e depois?’ (título provisório), de Leonor Barata, que cruza o teatro e a dança e surge igualmente na sequência da proposta do CITEC para a criação de um espectáculo, “construído de raiz em conjunto com os actores e a comunidade”, que reflecte sobre o percurso do CITEC e sobre o próprio ato de comemorar.
‘Eugénia’, a “individualidade feminina mais antiga que se conhece pelo registo arqueohistórico em Montemor”, é o título do texto de Jorge Louraço, dramaturgo convidado para criar um original de alguma forma relacionado com a comunidade local.
A peça terá um encenador externo ao grupo, “seguindo uma estratégia de fomentar o contacto do elenco” do CITEC com novas experiências, refere a direcção do grupo.
Em 2019, também estreará ‘Tubarão na banheira’, espectáculo para a infância, construído a partir de um texto de David Machado, que percorrerá diferentes espaços da região e do país, também em 2020.
No ano em que o CITEC faz 50 anos (2020), será igualmente evocado Jorge de Montemor (ou Montemayor), que nasceu nesta vila do Baixo Mondego há 500 anos.
“O músico, dramaturgo, poeta e escritor português, que escreveu em castelhano”, terá “o devido destaque”, designadamente através da estreia de ‘Jorge retorna a Montemor’, texto dramático, que, baseado na sua ‘Diana’, foi criado por Armando Nascimento Rosa.
Na programação para 2021, de referir, entre outros espectáculos e iniciativas, ‘Autobiografia de Montemor’, outra nova produção, criada a partir de um texto de Nuno Camarneiro, escritor também envolvido, deste modo, nos 50 anos do CITEC.
Ainda nesse ano, será mantida a programação da sala do CITEC – Teatro Esther de Carvalho (TEC) – e a animação comunitária (“actividades que visam aprofundar a ligação à comunidade, bem como explorar diferentes espaços existentes”). E voltará a realizar-se o festival de teatro do CITEC, que foi criado em 1974 e passou a ter a designação de CITEMOR em 1982, embora o grupo ainda só tenha garantidos apoios para 2019 (a 40.ª edição aconteceu em 2018).
“Uma das prendas que o CITEC mais almeja obter”, nos seus 50 anos, é conseguir condições para assegurar a renovação do seu material técnico e a manutenção da emblemática sala do grupo, construída, em finais do século XIX, no centro da vila, para que possa manter a sua programação regular, feita de teatro, música ou dança, de tertúlias, conversas ou poesia.
Nos próximos três anos, a programação do TEC terá, ainda no âmbito das comemorações do aniversário do CITEC, um curador convidado para cada um dos trimestres.
A ideia de se criar um “novo” grupo de teatro em Montemor-o-Velho (e de homenagear a “grande actriz natural de Montemor-o-Velho”) surgiu em 1969, mas o primeiro espectáculo do CITEC só subiu ao palco do TEC em 25 de Julho de 1970, data adoptada como a da fundação do grupo.
“Se Esther de Carvalho foi para o teatro contra a vontade dos seus pais e os preconceitos da época, também o CITEC nasceu para o teatro contra todas as dificuldades”, recorda o grupo, que começou por ser uma secção autónoma do Montepio Recreio e Instrução, autonomizando-se por completo em 1974.
LUSA
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