O município de Soure estreou hoje o programa “Aldeia Segura, Pessoas Seguras” na localidade de Brunhós, no norte do concelho, onde residem cerca de 180 habitantes, a maioria idosos.
“É uma freguesia isolada, para chegar aqui e sair daqui é preciso passar por floresta. Achámos que era a localidade, até pela sua organização urbana, que tinha necessidade e podia ser um bom exemplo para demonstrar a necessidade do programa”, disse à agência Lusa o presidente da autarquia, Mário Jorge Nunes.
O autarca explicou que foi nomeado um oficial de segurança local (Justino Santiago, um antigo militar da GNR, hoje reformado) e foi colocada sinalética “adequada a um plano de evacuação” no centro da povoação, num pequeno largo, junto a um café, definido como ponto de encontro dos habitantes.
Em caso de necessidade, a igreja da localidade servirá de abrigo improvisado à população, adiantou.
“O princípio é que o programa possa funcionar quando nós, os responsáveis, não pudermos cá chegar ou não chegarmos cá a tempo. Em primeira instância, as pessoas destas aldeias têm de olhar para elas e para o modo de se protegerem, saber ter uma atitude positiva em situações de emergência, lidar com o pânico e com o risco. Numa segunda intervenção, chegam os bombeiros, a GNR, a Protecção Civil municipal, mas enquanto não chegarem as pessoas correm riscos e têm de saber organizar-se e ter uma atitude de protecção. Fazendo isso, podem conseguir salvar as suas vidas”, argumentou Mário Jorge Nunes.
No simulacro hoje realizado – em que participaram responsáveis autárquicos e da Protecção Civil Municipal e meios dos bombeiros voluntários de Soure, após receber das autoridades o alerta para um incêndio florestal próximo da povoação -, o oficial de segurança Justino Santiago contactou um habitante que tem acesso à igreja para tocar o sino a rebate e, com um apito “parecido com o que a GNR utiliza”, percorreu as ruas “a apitar” para dar o alerta, enquanto o sino continuava a tocar.
Os habitantes reuniram-se, depois, no ponto de encontro, localizado no largo, ao ar livre: “Reúnem-se fora de casa, porque é preciso identificar as pessoas, verificar se falta alguém, pode haver um idoso para ir buscar e ele [o oficial de segurança] conhece as pessoas da aldeia, pelo menos os mais vulneráveis”, disse o presidente da Câmara.
Em declarações à Lusa, Justino Santiago afirmou que aceitou o convite para a função sem hesitar.
“Não hesitei porque pensei no benefício que iria dar à população. Irei dar o meu melhor, sou natural e residente na aldeia, conheço as pessoas, as pessoas conhecem-me e penso que, dentro do possível, irão aceitar as instruções dadas”, sublinhou.
Justino Santiago explicou que a função exige um trabalho preparatório, que passa por verificar bocas-de-incêndio ou a necessidade de limpeza de terrenos, mas também saber quem são as pessoas com necessidades especiais de mobilidade, como os acamados, e recolher os respectivos contactos.
“Em caso de emergência, contactar a pessoa que tem acesso à igreja para que o sino toque a rebate, avisar as pessoas para que desliguem o gás e a electricidade e fechem as portas, saiam de casa e se reúnam aqui. Depois, se for necessário, canalizamos as pessoas para o abrigo, que será na igreja”, indicou.
Já o presidente da União de Freguesias de Gesteira e Brunhós, Rafael Gomes, disse que esta última localidade – que até à reorganização administrativa era uma freguesia de lugar único – “é um lugar de pessoas bairristas e muito unidas” que “aderiram de imediato” ao programa “Aldeia Segura, Pessoas Seguras”.
“No ano passado ocorreu um incêndio aqui às portas da povoação e as pessoas têm isso presente. Têm essa ânsia de estar preparadas e saber o que fazer em caso de catástrofe”, frisou Rafael Gomes.
LUSA
Todos os direitos reservados Grupo Media Centro
Rua Adriano Lucas, 216 - Fracção D Eiras - Coimbra 3020-430 Coimbra
Powered by Digital RM