A exigência de construção da nova barragem do rio Mondego em Girabolhos, concelho de Mangualde, é uma das especificidades do protesto dos agricultores em Coimbra desde quinta-feira.
João Monteiro Grilo, um dos dinamizadores da manifestação de produtores do Baixo Mondego, recordou esta sexta-feira à agência Lusa que o processo para a construção da barragem de Girabolhos, no distrito de Viseu, a montante da congénere da Aguieira, “está suspenso há vários anos”, desde 2016, e frisou que os manifestantes de Coimbra reclamam a retoma dos trabalhos e a conclusão da obra.
“O nosso caderno reivindicativo tem algumas diferenças” relativamente a outros grupos de agricultores que terminaram o protesto na quinta-feira, após terem chegado a acordo com o Governo.
Membro de uma família do Baixo Mondego ligada ao sector agrícola há várias décadas, João Grilo defendeu que a obra de Girabolhos, cuja adjudicação provisória remonta a 2008, “tem de ser concluída de uma vez por todas”.
Neste contexto, ressalvou que, entretanto, “alguns grupos” de agricultores que, noutras zonas do país, tinham aceitado a resposta do Governo, “voltaram a mobilizar-se” e retomaram os protestos, após terem verificado que as condições prometidas “não eram bem” como julgaram no início.
“Outras das particularidades” do protesto em Coimbra, segundo João Grilo, é a contestação ao facto de os produtores de milho do Baixo Mondego, que abrange os municípios de Coimbra, Montemor-o-Velho, Soure e Figueira da Foz, estarem obrigados pelo Ministério da Agricultura “a fazer uma segunda cultura” após a colheita daquele cereal de regadio.
A segunda cultura, explicou, pode ser de leguminosas, como tremoço, tremocilha ou fava, por exemplo, mas as características do solo nos campos banhados pelo Mondego dificultam – “ou impedem mesmo” – a sua concretização, numa altura do ano, no Outono, em que as terras já estão muito encharcadas.
Os agricultores concentrados desde quinta-feira, na Baixa de Coimbra, na Avenida Fernão de Magalhães, que há décadas é considerada uma das vias mais congestionadas da cidade, estão ainda contra a extinção das Direcções Regionais de Agricultura e sua integração nos serviços das Comissões de Coordenação e Desenvolvimento Regional (CCDR). “Exigimos a reversão desta medida”, sublinhou João Grilo.
Às 10h30, João Grilo e Carlos Plácido, os dois principais promotores do protesto, estavam reunidos, esperando “a todo o momento” serem recebidos pelos responsáveis da Direcção Regional da Agricultura do Centro (DRABL), junto a cujas instalações estão parados cerca de 250 tractores agrícolas.
Os dois empresários agrícolas estão na expectativa de terem uma resposta da DRABL às suas reivindicações “ainda durante a manhã” desta sexta-feira.
Entretanto, os manifestantes continuam concentrados junto a uma rotunda, em animadas conversas e colaborando com os agentes da PSP para evitar maiores transtornos à circulação, designadamente aos autocarros de transportes colectivos que, ali ao lado, entram e saem da sede da Rodoviária da Beira Litoral.
Fonte: Campeão das Províncias
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